quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Saúde

Tenho percebido que ser hipócrita é estar bem inserido socialmente, e mais do que isso, ser hipócrita é ser forte, ser saudável. Para isso, preciso comer muito arroz com feijão ainda.

You're rich in

Agora está no extremo oposto do gosto,
num futuro incerto,
no extremo oposto,
no escuro o inverso.
Agora está no extremo oposto do gosto,
num obscuro objeto,
no extremo oposto,
e no escuro o inverso.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Hipócrita

Tipo, ser hipócrita é ser forte, e nem todos possuem tal robustez de espírito. Alguns preferem certa dose de sinceridade e põem a perder todo o seu vínculo social. E vivem sós, sinceros e sem graça.

domingo, 23 de dezembro de 2012

Cannabis não alivia dor mas a torna mais tolerável, segundo estudo

http://noticias.bol.uol.com.br/ciencia/2012/12/22/cannabis-nao-alivia-dor-mas-a-torna-mais-toleravel-segundo-estudo.jhtm

22/12/2012

Londres, 22 dez (EFE).- A cannabis não serve para aliviar a dor mas a torna mais tolerável para algumas pessoas, segundo um estudo da universidade britânica de Oxford divulgado neste sábado.

Os autores do estudo, publicado no último número da revista "Pain", descobriram que a substância psicoativa da cannabis reduz a atividade em regiões do cérebro associadas à parte emocional da dor.

Por outro lado, essas mudanças não foram detectadas na região do cérebro associada diretamente à sensação de dor. Os especialistas afirmaram que a cannabis pode tornar a dor mais tolerável, embora não em todos os casos, já que algumas pessoas não são sensíveis aos seus efeitos.

A equipe de pesquisadores do centro de ressonância magnética do cérebro da universidade de Oxford, dirigido por Michael Lee, baseou suas conclusões em um pequeno experimento com doze pessoas saudáveis.

A atividade cerebral delas foi acompanhada após a ingestão de uma pastilha com 15 miligramas de THC, substância psicoativa da cannabis e responsável por seus efeitos. Depois, os pesquisadores provocaram dor nas 12 pessoas ao passar em suas pernas um creme com o componente que causa a ardência da pimenta-malagueta. Também foi feito um teste com a aplicação de placebo ao invés do THC.

Os cientistas observaram que com o THC os voluntários avaliavam que a dor era mais tolerável. Além disso, notaram que seu consumo ativava a região do cérebro que determina "a reação emocional à dor", e não a que codifica "a sensação" de dor.

Para corroborar estas conclusões, Lee disse que serão precisos mais estudos, realizados por mais tempo e com pacientes com dor crônica. 

sábado, 22 de dezembro de 2012

Busão fão

Eu ainda não mandei a minha mensagem.

Eu ainda não disse prá que eu vim.

Eu ainda não sentei na janela.

Mas já estou há algum tempinho no busão.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Incisão

Preciso externar esse agradecimento. As coincidências não existem quando a gente tem certeza que não foi coincidência. Até porque não acredito que haja coincidência da coincidência, isto, é, ser uma coincidência a coincidência. A co-incidência. Quando o importante é coincidir. Inc isão.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Kindergarten

Um pai, com 31 anos, entra no carro e olha para o filho, de 3 anos e 11 meses, já devidamente seguro em sua cadeirinha, e pergunta: "Vai querer ouvir o quê, Thales?" - e o filho responde: "Ramones!". O pai, orgulhoso, coloca "Garden of serenity" e seguem a viagem.

sábado, 24 de novembro de 2012

As drogas

Esse é sempre um assunto muito polêmico. Me intriga o modo como os governos, estados e municípios de quase todo o ocidente vêm lidando com essa questão, ora pois, na adoção da política proibicionista. E cada vez mais especialistas defendem a necessidade de ruptura com essa lógica, nefasta aos direitos humanos. Me assusta quando os jornais falam e divulgam opiniões de especialistas defendendo, por exemplo, um combate ao crack. De certo, nos lembra Maria Lucia Karam, o combate será direcionado para as pessoas, e não contra "o crack". Mas é sempre bom eleger inimigos, e agora este elegido foi o crack. Ou melhor, o craqueiro de rua, esse sim se lasca, tal qual a pedra que fuma. Esse é a bola da vez das autoridades incompetentes e maquiadoras e de especialistas de meia tigela oportunistas e sem nenhum compromisso com a saúde pública ou coletiva, diga-se de passagem. Frente a tudo isso, muito dinheiro é gasto à tôa. Lembro que dinheiro não dá em árvore - esse gasto aos milhões no "combate às drogas", seja com campanhas de merda na tv, às quais nenhum adolescente será imbecil o suficiente para se identificar e reconhecer como válida ou verdadeira ou séria, seja com projetos de merda de repressão ao tráfico, abarrotando e esborroando cadeias com micro-traficantes de merda, e cada vez construindo mais presídios como se fosse solução para o problema, seja com ações de inteligência, busca, apreensão, assim como a patrulhamento de frontreiras, como se fosse para evitar que entre "o mal" em nosso território. Ou seja, isso é ridículo, no entanto é a política adotada. É como se, fechando as fronteiras, estaria-se livre das drogas e armas. As armas eu não sei, aliás, sei sim, as armas são fabricadas, vendidas e depois compradas, para garantir a segurança, e não atiram sozinhas, mas as drogas não, ao contrário das armas e do dinheiro, as drogas dão em árvore, pelo menos a maconha, a coca e a papoula. Ah, é bom lembrar que o crack é uma substância resultado da produção da cocaína, que não foi utilizada no proceso de produção, é como se fosse o lixo da cocaína, isto é, não dá em árvore, foi produzido pelo homem (ou pela mulher, por crianças, idosos, desempregados, enfim, quem estivesse lá e aceitasse uma boa grana). Te digo que, inicialmente, é preciso conhecer as ideias da Maria Lucia Karam com maior profundidade. Depois, é preciso, e de forma urgente, fazer com que pessoas sem compromisso e caráter NÃO assumam funções públicas, seja na pasta da execução, legislação ou no judiciário.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

O Pizzaiolo


Por Pedro Machado Ribeiro Neto

09/11/10

 

Era um dia de estágio como outro qualquer; tudo poderia acontecer ali. Estava no pátio da “curta permanência”, exatamente no centro onde há estrutura coberta que abriga uma sinuca em más condições. Um dos usuários – assim como vários outros que já vi por ali – apareceu no pátio com aquele característico cobertor escuro do hospital rasgado enfiado na cabeça, e molhado pela água dos vasos sanitários, segundo um dos vigilantes. Era um homem alto, forte, pele clara, que devia ter na época uns 35 anos.

Dirigiu-se a mim, e o vigilante que sempre ficava por ali me alertou, com gestos, da possibilidade dele me agredir. Eu estava encostado na pilastra de madeira com as mãos para trás, e assim me mantive quando ele se aproximou. Permaneci com as mãos para trás, sem nenhuma possibilidade de reação ou defesa imediata. Ele veio e começou a falar algumas coisas que eu não entendi. Não de forma hostil, mas com discurso a mim incoerente. Porém, havia algo nele que me passou confiança.

Com os dias, o estado de surto em que ele se encontrava foi amenizando. Naturalmente, nossos encontros ali foram se ampliando. Certa vez, tinha me dito que era pizzaiolo, mas eu não acreditei, achei que fosse coisa da doideira dele. Mas não, eu estava enganado. Ele realmente trabalhava fazendo pizza.

Uma vez, cerca de três semanas depois do nosso primeiro contato, eu estava sentado em um dos bancos do pátio, distante da sinuca; havia acabado de chegar e conversava com algumas pessoas. Foi então que ele passou indo na direção da sinuca, acompanhado de uma mulher; quando ele me viu, retrucou, desviou seu caminho e voltou em minha direção. Apresentou-me à sua esposa, demonstrando certo tom de alegria e agradecimento; ficamos ali conversando por alguns breves minutos, sobre vários assuntos inclusive sobre maneiras de se fazer uma pizza; foi quando pude perceber que ele realmente tinha uma pizzaria.

Ele não me agradeceu verbalmente nem disse estar feliz. Nem precisou. Ele estava saindo de alta. Nossa linguagem gramatical é limitada para expressar a totalidade e complexidade de afetos envolvidos nos encontros. Quem sabe, quando for à Guarapari com minha esposa e meus filhos, possa ter a felicidade de entrar em sua pizzaria e então ordenar uma pizza, que com certeza ficará uma delícia... ele me passou a sensação também de ser um excelente pizzaiolo.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

hzuzhuahushaushausahsuh

Uma  postagem sem título, relagada à rascunho, merece sim um nome. Igual aquela criança que vive em abrigo assistencial, merece uma família, identidade, afeto, etc. No entanto, algumas famílias são piores do que os já nefastos e acolhedores serviços de alta complexidade.

Cuidar de inventar / inventando outro cuidado

Dicionário Piberam:
inventar
v. tr.
1. Fazer o invento de; idear; criar no pensamento.
2. Fingir.

Dicionário Michaelis:
inventar
(lat inventare, freq de invenire) vtd 1 Criar na imaginação, idear, ser o primeiro a ter a idéia de: Inventara Bell o telefone. 2 Excogitar, idear: "Inventará traições e vãos venenos" (Luís de Camões). 3 Tramar, urdir: Inventar estórias. 4 Espalhar ou contar falsament...
e: Por despeito é que andam inventando coisas.

Depois fui ver o significado de Invenire (Latim) no google tradutor:
“encontrar”

Interessante ver a proximidade de "Inventar" com "cuidar", pois, este último provém do latim cogitare, ou seja, também relacionado ao cogitar, pensar, imaginar, fantasiar, inventar:

Dicionário Priberam:
cuidar
v. tr.
1. Imaginar; supor; pensar; meditar.
Entre outros...

Dicionário Michaelis:
cuidar
(lat cogitare) 1 Cogitar, imaginar, pensar, refletir.
Entre outros.

...
Ver mais

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Aqui no face

Algumas coisas são ridículas. Os governantes falam que irão combater o crack, mas o que vemos, é um combate direcionado às pessoas que consomem crack na rua.

O combate é contra as pessoas, são as pessoas que estão sendo presas por usar crack na rua, por portar crack, produzir ou por comercializar.

E a substância continua a existir, mesmo que se edifiquem inúmeros e vastos presídios.
...

A guerra está declarada, e como em toda guerra, ambos os lados sairão perdendo.

Estou certo que o crack continuará existindo, mesmo com o melhor sistema militar da via láctea, mesmo que a gente mate todos que usam, produzem ou comercializam, o crack vai permanecer, e as pessoas vão continuar usando, e sendo presas, levadas a força, enfim, toda essa maracutaia.

Maria Lucia Karam poderia dizer algo sobre isso, se ela me aceitasse aqui no face.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Escandinavo

Nada que é escandinavo tortura a maledicência oriental

Nada que perde o sentido se torna sem sentido

Nada que um dia após o outro não possa embrutecer

Ou desafogar

Ou nada disso.

Talvez apenas as madeixas encantadas do velho sábio oriental

Que na sua maledicência, constrói moinhos de vento e ares condicionados em apartamentos de esquina na praia do canto

Por que

Nada que é escandinavo tortura a paciência oriental


A Escandinávia é uma região geográfica e histórica do norte da Europa e que abrange, no sentido mais estrito, a Dinamarca, a Suécia e a Noruega; num sentido mais lato, o termo pode também abranger a Finlândia e, mais raramente, as ilhas Feroé e a Islândia.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Ãnrrã, sei, tá bom.

Seção II
DA SAÚDE

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.

Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:

I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;
III - participação da comunidade.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Palmeirinha

Comprei hoje uma mini palmeira no carone, custou cerca de seis reais. Conforme um negocinho que vem junto, com algumas informações, é uma planta de interior que requer pouca manutenção. Segundo esse informativo, o nome dela científico é Chamaedorea elegans, de origem mexicana. Vem informando, também, sobre os cuidados básicos necessários. Sei que, no momento em que a coloquei aqui do meu lado, no mesmo rack onde fica o computador, deu uma diferença enorme, conferindo um ar mais próspero ao meu ambiente de trabalho.

Os caminhos do inferno

Sigo entorpecido os caminhos do inferno.
Pessoas estranhas guiam meu percurso.
Acredito estar vivendo quando na verdade
estou morrendo.

Toda vez que me canso
tenho que me estressar(?).
Todo momento de estrese
sugere uma bebida.

E quando a amargura
de mais realidade
se junta ao aforismo de viver
bebem unidas, demais
até o amanhecer.


Escrito em 11 de agosto de 2006

domingo, 21 de outubro de 2012

Desejo de novela

Temos a necessidade de novela. Podemos, no incício de uma nova trama das nove, resistir, não querer assistir, mas é inevitável que uma hora ou outra ela nos captura - somos fracos! A maioria de nós se renderá e irá acompanhar exasperadamente à novela das nove, com o furor necessário para organizar o cotidiano de modo que possa parar - às nove - e assistir a novela, confortável e com a atenção necessária.

Isso faz muito bem, é muito gratificante, é tipo um zelador da ordem psíquica, da paz, da segurança emocional e afetiva. Acompanhar novela traz uma sensação de prazer, como se algo existisse que fosse superior à todas nossas vivências, com o qual devemos nos curvar.

Assistir novela é saudável, promove uma paz de espírito muito forte. Assistir novela proporciona momentos de união entre a família. É difícil fugir disso. É saudável assistir novela, porque confere bem-estar. Por isso, novela pode ser considerada uma forma de proporcionar saúde mental para as pessoas. Novela é saúde, equilíbrio e consciência, mesmo que em circunstâncias alienadas.

Aliás, as pessoas consideradas loucas são geralmente tidas como insatisfeitas. As pessoas alienadas (pela novela) não, são consideradas saudáveis e felizes.

Tum tum tum tum, pã rã rã rã rã rã rã rã ran.
Tum tum tum tum, pã rã rã rã rã rã rã rã ran.
Eu quis cantar.......

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Torta

Ontem a imprensa noticiou o fato de que um professor universitário teria reclamado com a polícia sobre a qualidade da substância que ele havia adquirido com um traficante. Logo, foi detido e autuado como usuário.

Logicamente, disse o repórter, esse professor está precisando de ajuda. E aliás, é uma coisa que vocês da mídia não fizeram, com essa reportagem. Ironia, né. E aliás, nem a polícia que, trabalhando muito bem e em conformidade com a legislação vigente (essa, sim, não muito boa, digamos), pertubaram mais ainda a vida do transtornado mestre.

O engraçado são as boquinhas que os reporteres fazem ao noticiar o fato, tipo assim "que feio, hein", e o modo de falar do delegado, exuberando certa "delegadice" peculiar, representada pelo modo de falar e se expressar, a desferir jarradas de saliva em todo mundo.

Por se tratar de um "dependente químico", a reportagem não mostrou o rosto do perturbado mestre.
Ouvindo a referifda reportagem na CBN, categorizando o professor como dependente químico, lembro de uma palestra (na própria universidade) de um sujeito de cabelos brancos, chamado Domiciano Siqueira, que discursava sobre a plateia sobre TRÊS formas muito comuns de entender o uso de droga: para a medicina, trata de uma dependência química, ao qual, ao sujeito, é direcionada a INTERNAÇÃO; para a justiça, trata de uma infração, sob a qual ao sujeito é direcionada uma PENA; para a religião, trata de um pecado, e ao sujeito é direcionada A SALVAÇÃO. Contudo, Domiciano salientava a necessidade de uma quarta visão, a da saúde, e de que o uso de droga é compreendido como um DIREITO da pessoa humana.

Os policiais envolvidos disseram que o professor apresentava ainda um discurso peculiar aos "usuários de droga", tipo incoerente, desconexo, não lembro com exatidão os termos usados na reportagem.

Diante disso, destaco um recorte do Plano Emergencial de ampliação do acesso ao tratamento de álcool e outras drogas (2009 - 2011):

IV - enfrentamento do estigma: deve haver uma dimensão política de enfrentamento do estigma associada a toda e qualquer ação proposta para a população usuária de álcool e outras drogas, tendo em vista que o acesso ao cuidado tem importantes barreiras sociais, oriundas da compreensão ainda existente de que a estes cidadãos devem ser ofertadas somente políticas repressivas. O estigma se manifesta também pela desconfiança dos usuários em relação ao acolhimento e cuidado oferecidos pelo Estado.



quarta-feira, 19 de setembro de 2012

A fonte



No alto de um belo monte existia uma fonte. Muitos andarilhos e viajantes nômades passavam por ela - e contavam com ela - para se refrescar e continuar a viagem.

Certo dia, um destes andarilhos teve uma ideia: resolveu ficar por ali, e construíu uma cerca em volta da fonte, impossibilitando o acesso. Construíu ali também sua morada, e começou a constituir família.

Certa noite, um dos andarilhos viajantes que por ali passava, acostumado com a fonte, se intrigou com o acesso impedido pelas cercas. Mesmo assim, resolveu entrar, pois pensou, a fonte era pública. Encucado com as barreiras criadas para impedir que as pessoas tomem a água, ele ficou encantado com a ideia do primeiro viajante, de contruir ali uma habitação. Como não havia pensado nisso antes - disse ele - uma fonte bsó minha! Assim, matou o primeiro morador também toda a família, ficando assim com o terreno.

Considerando como valioso aquele pedaço de terra, passou a colocar duas cercas, e pôs também espinhos, para dificultar o acesso.

Como se sabe, nada disso adiantou, pois não existem barreiras que impeçam um viajante sedento, de beber água. Sempre vinha um, sobrepujava as barreiras e tomava o local. De tanto embate, a fonte se estragou, e os viajantes - os que não morreram de sede - tiveram que ocupar um outro local para se refrescar. E a casa da fonte ficou desabitada.

A médica cara de madeira

Consulta médica em certa maternidade em Vitória, fazer o exame do olhino no meu filho recém nascido. A médica, antes de inciar os atendimentos, reúne os poucos pais ali presentes, havia umas sete famílias, orientando que, antes de serem chamados e entrarem no consultório - que deveria ficar escuro para o exame, era importante que os pais acalmassem os bebês, deixando-os desestressados, dando de mamá, acalmando, essas coisas.

Primeira questão: que pai que uma hora ou outra, iria deixar de fazer isso? Quem diabos, dona médica, vai deixar o pobre coitado do garotinho que acabou de nascer, estressado, cabruco?

Tá. Todos os seis pais entraram e saíram, parace que sem nenhum problema. Éramos os sétimos, e havia chegado nossa vez. Chegando lá, a médica orienta nosso posicionamento naquele consultoriozinho escuro: pede para que a mãe segurasse pela parte das pernas, e eu ficasse prendendo as mãos dele junto à cabecinha, enquanto ela abriria os olhinhos dele e realizaria o exame. Pelos menos, tentaria. Até fazer isso, demorou um bocao, mexeu nele prá lá e prá cá, e é claro que ele - um recém nascido, ora pois - ficou estressado.

Obviamente, a meu ver, mesmo com o exame tendo dado certo com os pais anteriores, imaginei, desde o início, que aquela porra não ia dar certo. Em vez dela chegar e fazer a droga do exame logo, ficou cheia de churumelas, uma frescurada intangível e obsoleta que, por fim, o moleque obviamente acordou, disparou a chorar, e nada de abrir os olhinos. Parece que fez de propósito.

Tentamos novamente, e nada. A profissional ainda nos questionou se a gente não havia ouvido suas recomendaçõe sinciais, se a gente não havia seguido seus passos para deixar o bebe desestressado. Ora pois.

Assim, ela nos orientou que marcássemos para um mês depois um novo exame.

Até parece, se houvesse algum compromisso com a saúde dele, certamente iria ser marcado para um dia ou outro depois, ou semana que vem, mas não, ela marcou, com a maior cara de todas as madeiras das florestas que ainda permanecem, a consulta para o mês que vem.

Por causa do cartão unimed, que só passaria de novo, um mês depois.

É lógico que não voltamos para repetir a presepada prosopopeia.

O exame foi realizado, alguns dias depois, pela pediatra dele, tranquilamente em seu consultório, sem nenhuma daquelas coisas que a outra fez, para dar errado do exame.

Ressalto que, a família que foi atendida depois de nós, também não conseguiu realizar o exame. Vejamos a média: de oito exames, dois são repetidos.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Os eus

Machado de Assis escreveu um texto intitulado "o espelho", um conto sobre um moço que, lá pelo final do século 19, havia sido nomeado para a guarda local. Nisso, foi convidado pela tia para ir passar com ela alguns dias no interior. Na casa, não era chamado pelo nome, mas "Sr. alferes", por todos, parentes, agregados e escravos. Eis que um dia, quis seu destino, se viu sozinho naquela casa, permanecendo nessa condição por mais dias, que pareciam meses. Ele, sem ninguém para chamá-lo de Sr. alferes, foi perdendo a identidade social construída pelos outros, se desconfigurando e ameaçando a auto-imagem, perdendo-se de si próprio.

O conto é muito legal, mas eu penso o seguinte: o processo inverso também é verdadeiro, ou seja, pode ser que, em um ambiente com muitas pessoas, acaba que a gente perde nossa individualidade, perde a possibilidade daqueles momentos em que a gente se encontra a sós conosco, e podemos então, entre nós, nossos eus, formar nossa identidade, mesmo que pessoal - mas acredito que ainda social - sem interferência de ninguém.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Bem longe

Estou lendo um texto do Michel Foucaul do "Microfísica do Poder", um capítulo intitulado "A casa dos loucos". Como de hábito, resolvo perguntar para meu filho de quase quatro anos sobre o assunto:


Thales, onde que moram as pessoas loucas?

Ele leva uns três segundos pensando, olhando para mim com um semblante que eu não saberia descrever, meio que "maroto", e responde:

- "Bem longe!"

Aí eu abismado, com aquela coisa de pesquisador que vê milhões de hipóteses e possibilidades nessa afirmação, agradeci a ele, deixei-o vendo seu desenho e ia retornando para o computador, e quase saindo da sala, eis que resolvo testar uma dessa hipóteses, então retorno e digo:

Thales, mais uma coisa, onde moram as pessoas que não são malucas?

Um segundo e meio de pensamento e ele responde:

- "Aqui em casa".

sábado, 21 de julho de 2012

castelo


Castelo de cartas coisas que queimam queimam mais que fogo queima a brasa
o fogo torra a brasa queima
quem manda mexer com fogo agora amanhece molhada a cama
mesmo que não mexa
deu goteira na casa
e uma verruga

domingo, 15 de julho de 2012

Bebê do céu

"Papai do céu"... fiquei ontem pensando sobre essa expressão "papai do céu"... me pergunto se não seria um tanto que machista ensinar isso para o meu filho. Sei também das consequências que isso pode me trazer, mas esses dias vi alguém ensinando isso para o Thales, e pensei nisso, o quão machista é essa afirmação. Aí no mesmo momento já me intrometi na conversa e acrescentei que deveríamos também... agradecer (ou sei lá o quê, enfim) também à mamãe do céu, ao bebê do céu, ao vovô e vovó do ceú, ao titio e à titia do céu, enfim. Ficou um pouco estranho, mas realmente, ensinar que existe um "papai do céu" como força maior sobrenatural, é um pouco tenso, fica um pouco paternalista, tipo essa nossa cultura de agora há poucas décadas, voltada para a questão do pai, assim como de alguns vinte ou trinta séculos, na história do nosso querido ocidente de pessoas com olhos arrendondados...

Bolsista

Um das coisas mais loucas que aconteceram em minha vida - e aconteceram algumas, graças a deus - é isso de ser bolsista de doutorado. É muito louco isso. Digo isso por que não tenho como chamar isso de ser bolsista. A gente é aluno / professor. Barra. É uma identidade obnubilada, difusa, que se configura, desconfigura, reconfigura, transfigura e mais quaisquer prefixos que se queira acrescentar ao "figura". Ou seja, é mais dinâmica do que outras identidades profissionais.

Estou desde o dia 22 de abril realizando a análise temática da minha tese. É  muita loucura, veja, só, há praticamente três meses basicamente me dedicando só a leitura do material coletado nas entrevistas. Quem faria isso, se não um bolsista de doutorado???

Matem os matemáticos

Existem mil maneiras de preparar neston.
Existem, igualmente, mil maneiras de produção cancerígena.
Uma delas é o consumo de café e tabaco em exceso, tipo, o necessário para um dia todo.

A senhora agravação surge acompanhada de algumas questões sagradas.
Roubam a mente.
Um pouco de marirruana, caso tenha um pouco.

E às vezes eu penso que sai dos meus olhos.
Tipo, o necessário para um dia todo.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Batalhadora

Receita para se sentir bem: chame alguém de "batalhadora".

Não tem coisa melhor!

Ao chamar alguém de batalhadora: "ah, fulana é uma guerreira, batalhadora", a gente quer realmente dizer que tal pessoa é uma ferrada fracassada, e por mais que ela trabalhe, permanece na pindaíba, sempre a morrer na praia.

Agora, explicar por que isso faz-nos sentir bem, eu não sei.

Ressalto que essa postagem não tem nada a ver com nenhuma das pessoas que apareceram na foto acima; assim como diversas fotos desse blog, a minha questão é justamente essa, colocar fotos que não tenham relação com as postagens.

Pelo menos não em relação às palestrantes, talvez.


segunda-feira, 28 de maio de 2012

Por que o bom é quando erra



É no sofrimento que se gera um impulso para pensar, para escrever em um tom sóbrio.

Cansaço mental.

E não acredito que o bom é quando se erra, quando se erra de uma maneira que não poderia se errar.

Existem vários tipos de erros, alguns não passam em branco.

Alguns precisam de uma borracha mais dura, uma que apaga mesmo.

Mas ninguém pensa no cansaço quando se acredita ser preciso passar borracha naquele que cometeu o erro de cometer um erro que não se pode cometer, acertando em cheio quando não se devia acertar.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Arco-íris



Sempre corremos um risco - o de errar. No entanto, erra quem tenta, do mesmo modo como só acerta quem tenta. Mas certamente a chance maior é a de errar, claro.

Acho que foi o Deleuze - posso estar errado mas me arrisco a dizer - que falou que a gente sempre fala, discursa, na medida daquilo que a gente não sabe.

Mas assim é que são criadas as coisas novas, tão necessárias nesse nosso novo mundo, como em qualquer outro.

Na música, por exemplo, posso me arriscar a fazer aquilo que não sei, correndo o risco de me embananar e errar e estragar toda a música, como também posso - depois de tanto errar - fazer uma coisa legal.

Assim como no meu projeto de doutorado. É preferível que eu faça o simples; contudo (prá isso serve o ponto e vírgula) a gente sempre tenta algo genial.

Mas assim corro o risco de estragar tudo, talvez.

É sempre mais prudente fazer o bê-a-bá. Mas nem sempre a gente se contenta com isso.

Ás vezes as melhores coisas vêm após muito choro.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Uma zona, feliz zona


Há tanta gente descontente por aí, que não sabe aproveitar o melhor do carnaval.

Tanta gente triste sem saber que vive mais quem vive feliz!

Há tanta gente descontente por aí que não sabe o valor de confraternizar, de fazer festa, de cair na folia e prefere falar mal do carnaval.

Carnaval é época de gente pulando, curtindo, bebendo tudo e zoando, é tempo de fazer barbeiragens e maior número de acidentes, gente fazendo merda, gente bêbada suada pulando perto da gente, gente pública pelada e mijando na minha calçada.

O Cartola tem uma frase: "A sorrir eu pretendo levar a vida, pois chorando eu vi a mocidade perdida".

Eu acho que é mais ou menos o contrário: a mocidade tá perdida, mas tá zoando tudo, felizona.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

uma placa


uma nova ordem
uma velha mania
de querer mudar

uma vontade de cair
uma vontade de ansiedade

ansidedade de sucumbir
cair por cima
se levantando já


como um gato


um gato o caralho

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

todos os olhos


Todos os olhos do tom zé é um disco ótimo.

"De vez em quando todos os olhos se olham prá mim" é apenas uma das frases emblemáticas e poéticas desse disco.

No momento em que todos os olhos se voltam para gente, é preciso dar todos os ouvidos para o que esse vinil tem a dizer.

Principalmente quando se viram para nós, além dos olhos, os olfatos.

Todos os olfatos de vez em quando se viram prá mim.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Doença Mental


Thomas Szasz escreve muito bem sobre esse conceito. Sabemos que é fundamentado muito mais em questões éticas e políticas do em pressupostos científicos ou em favor da saúde.

Tentam mudar as nomenclaturas: doença mental, transtorno mental, sofrimento mental. Mas isso não transforma as estrturas que mantém a loucura como erro, como patologia a ser curada.

E ainda dizem que não tem cura.

Mudam-se as essências mas permanece sua desqualificação e inferiorização.

Isso acontece por que manter a loucura em uma posição inferior, de selvagem mesmo, mantém, por um outro lado, a identidade positivamente de um grupo.

Entenderam?

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Escravo


Escrevo ou escravo?

Para não me deixar capturar e esvair-me em sólido tédio queimado, eu escrevo.

No entanto, eu escrevo sobre bosta nenhuma, é um discurso nulo o meu.

Não escrevo sobre nada. Não escrevo sobre ninguém.

Aliás.

Escrevo sobre alguém que não está aqui, alguém que não existe, e que nunca vai existir.

Ou eu não escrevo, mas assim eu me torno escravo.

Nenhuma palavra será suficiente para descrever o que seria não escrever mais, ou para escrever sobre alguém que não está aqui, nunca esteve nem nunca estará.

Entretanto, paradoxalmente essa insuficiência verbal faz com que eu nunca me torne um escravo.

É um pouco mais difícil manobrar o carro em uma vaga apertada quando se tem uma fila de carros atrás.

Algumas pessoas tiram isso de letra; outras não.

Eu prefiro seguir adiante e encontrar uma vaga mais distante.

Ela sempre estará lá.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Levante

 Na sua palavra eu cuspo o A é minha Lei