domingo, 26 de setembro de 2010

L.iMi.(T)


Limite e deslimite.

O caos foi desconfigurado - isto é, supondo que o caos possa ser desconfigurado, ou se já não é em si uma auto-desconfiguração.

É como se o deserto pudesse secar.

Ou se a noite continuasse escura e escura.

Ou se a vida não morresse.

A falta causa a angústia.

O excesso traz angústia.

O meio termo, o equilíbrio, a harmonia dispendiosa de um instante - de um detalhe deste instante - talvez dois - é o que deve ser priorizado como norte.

Lá onde nasce a primeira estrela da noite.

Supondo que exista um estado de meio termo, de equilíbrio.

Talvez, no máximo, alguns instantes ferozes de harmonia.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Prato Feito


Hoje meu dia foi um prato cheio para quem gosta de ter argumentos em favor da depreciação das segundas-feiras.

Hoje foi um daqueles dias em que a gente quer ficar em casa sem ver ninguém, sem conversar com ninguém, sem fazer nada na rua que tenha que olhar ou conversar com alguém.

Uma segunda-feira chuvosa.

Em Guaçuí não tem disso. Quando eu vou prá lá, nem tenho que ir para a rua; até mesmo porque eles entregam lanche em casa.

Não é um lache digno de rangão, por exemplo, mas quebra um galho.

Acordei às sete, pela senhora que veio passar roupa.

Logo fui no veterinário à 300 metros de minha casa para levar e buscar a minha cachorra então verminosa.

Custou cento e vinte reais.

Na verdade custou cento e vinte reais e noventa centavos, que o proprietário da pet shop, que ficou lá demorando e eu acabei que chegeui atrasado na aula por causa disso, acabou fazendo esse desconto.

Um verme saiu de sua boca. Era branco meio rosa-alaranjado comprido e úmido e nojento. Um terço do peso dela deve ser essas paradas aí.

Fui dar aula.

O filme rodou meia hora, travou e não voltou mais a passar.

A turma -nós- foi -fomos- liberada com meia hora de aula, que na verdade era uma transmmissão de um filme. Esse que não rodou.

Retornei.

Às dezesseis e pouco quase muito estava eu de volta em casa.

A cachorra dormindo.

O tempo cinzento.

O cinzeiro ao lado.

Do meu lado direito, assim. Mais ou menos em frente às caixinhas de som aqui do meu computador.

E às cinco e vinte escrevo esse texto.

domingo, 19 de setembro de 2010

Uma Fila


Hoje fomos ao aniversário da minha prima fernanda, numa vista extraordinária do 19º andar de frente para o mar.

A gente sabe o que a gente quer quando a gente procura: "era isso que estava procurando!!"

Hoje apareceu uma cachorra aqui em casa.

Estava parada em frente e olhando para o nosso portão, quando minha esposa chegou da rua e em complacência adentramos com a bela filhote preta de fila brasileiro.

Nós a alimentamos e a aquecemos, estava (graças) um dia ligeiramente frio - agradável para mim.

Ela, por sua vez, preferiu, a tarde, dormir em cima do lixo no canto de nosso canteiro.

A tarde é um ótimo lugar prá gente preferir as coisas.


Ficamos um bom tempo escolhendo um nome, e nada de bom aparecia.

Foi quando por acaso
resolvi ouvir música
e subitamente me veio a cabeça
após olhar para os arquivos de pasta
de vários autores
e ver a pasta
da cantora
extravagante
amy
winehouse
e
Ficou esse o nome.

Back to black.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

mANICôMIO


Havia acabado de arrumar emprego em um manicômio. Não sabia bem o que fazer quando chegasse lá. Estava com medo. Não sabia o que esperar. Deveria ter atenção com aquele monte de doidos.

Cheguei lá e vi que não eram perigosos, mas ao contrário, eram pessoas muito sensíveis, serenas, tímidas (inversamente a alguns psiquiatras).

Alguns sim eram extrovertidos e não paravam de falar (a parecer meu primo Augusto).

Outros nos davam boa noite mesmo sendo 10:17 da manhã. Mas tanto faz.

Comecei a notar que não tinha noção nenhuma do que realmente deveria fazer ali.

Estava perdido.

Não tinha função, apesar de ter um cargo naquele lugar.

Aí resolvi buscar ajuda na teoria.

Na faculdade não vi nada que pudesse me auxiliar nesse momento, e fui atrás de alguns textos em bibliotecas.

Achei um trabalho sobre manicômios, que era de um psicólogo a favor da luta-antimanicomial.

Eu não poderia ser a favor disso, por que significaria meu desemprego.

Mas era um psicólogo de nome famoso, que eu acho que eu até já tinha ouvido falar. Nesse livro achei um texto legal que dizia:

dois ovos, meio quilo de farinha de trigo, bater bem e depois aquecer em fogo brando.

Não entendi muito bem, mas levei para o trabalho e lá foi um sucesso! Passamos boas horas fazendo um bolo, o que nos proporcionou agradáveis momentos naquele lugar.

Mas no dia seguinte estava tudo vazio - meu entusiasmo de ideias novas - de novo. O que eu queria mesmo era - não abandonar o emprego com aquelas pessoas - mas sair dali.

Mas e os loucos, iriam prá onde?

sábado, 11 de setembro de 2010

O medo


Coragem é enfrentar a situação, mesmo ciente das adversidades, riscos e consequências.

Implica em escolha, portanto.

Implica em responsabilidade.

Pode implicar em culpa.

Pode implicar em fortalecimento.

Medo...já medo não é algo com o qual devemos nos preocupar.

O medo não nos faz desistir da jornada, desistir de enfrentar, desistir de arriscar-se.

O medo não nos faz empacar como um burrito de carga que já enfastiado pelo trabalho decide não ir mais.

O medo não é motivo para fraqueza.

O que deve ser alvo de zelo é o acovardamento.

A própria fraqueza perante a possibilidade de força.

O medo é um instinto primordial para a espécie humana.

Sem ele poderíamos estar agora não existindo.

O medo é tão essencial quanto a coragem, e ambos não podem caminhar separados.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

EXISTÊNCIA existência




"...olha, prática clínica não, o que eu posso trazer é um pouco da minha experiência, né, que é em um outro contexto que não o da clínica..."


.
.
.
-.
.
-
. ... -




O conflito
parte
integrante
da existência

o conflito
existência
parte
integração

das partes

do conflito
gera
existência
intrigante.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Uma pesquisa em seis de setembro


INTRODUCTION:

Meu aniversário se comemora hoje. Mas isso é apenas uma hipótese.

OBJECTIVE:

Comemorar meu aniversário, com a inserção de um estimulante natural do sistema límbico, mais especificamente na área relacionada a sensação de prazer.

BIBLIOGRAPHY REVIEW:

A ocasião faz o ladrão (autoria desconhecida, data idem).

METODOLOGY:

Fritagem.

SUBJECTS:

Seis participantes:

Eu, meu filho, minha esposa e a prima dela.

Quero dizer, quatro.

INSTRUMENTS:

frigideira
óleo
batatas
sal

PROCEDURES:

Foi realizada uma fritada de batatas fritas com contra-filé no almoço.

A tarde, foi possibilitada a aquisição de um conjunto de quitutes pró-diabetes melittus e hipertensivos no comércio legal e especializado há vários anos da esquina.

RESULTS:

Observou-se um pouco de sono, mas logo voltou-se para o computador.

DISCUSSION:

Porra, eu não tinha te dito que queria ter chamado uns amigos para beber umas cervejas, não te falei, porra?

Em pleno aniversário ficar sem fazer merda nenhuma é foda!

CONCLUSION:

Ficou nessa mesmo.

Levante

 Na sua palavra eu cuspo o A é minha Lei