sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

verdes deligsos


Eu não consigo tornar o verde amarelo. A não ser queimando, mas antes que se torne em cinza.

Eu não consigo tornar o amarelo verde. A não ser que eu misture com azul.

Aí sempre vai haver uma condição.

Eu não consigo tornar o cinza azul, assim como algumas pessoas teimam em tornar o azul - cinza. E eu teimo em achar isso desagradável.

Assim como moscas que sobrevoam uma carne viva.

Assim como pelos sobrevoam o meu prato.

Assim como um tira-gosto.

Assim torno o seco em oleoso.

Eu torno o verde cinza.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Nova postagem


Vontade de não fazer nada.
Síndrome amotivacional é causada pelo consumo excessivo de cannabis.
Vontade de nada.
Niilismo.
A gente se encontra nele.
A gente vê por aqui.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Certa dose


Tem um peso, uma força ou uma tendência a me comprimir prá baixo.

Mas, assim como todo e qualquer organismo vivo, minha reação imediata é de resistência.

Só que, às vezes, esse movimento de resistir pode me matar. Às vezes é preferível, para a sobrevivência, a covardia. Quer dizer, o medo. Melhor dizendo, o que Nietzsche chamou de fatalismo russo. Aquilo de não desistir, mas também não avançar na batalha. Assim como um soldado russo, fatigado pelo cansaço da guerra e exaurido pela neve, não desiste nem prossegue, apenas se joga no gelo extenuado.

Às vezes sobrevive quem sai correndo.

Quem sabe não reagir de imediato ao estímulo.

Mas tem um peso em minhas costas. Não se trata de consciência pesada ou remorso. Não.

Mas pode ter aí uma boa dose de culpa.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Armando Reveron


Chove muito em Serra.

Fim de ano, estou cansado.

Costumo dizer que só aquela disciplina sobre Teoria da Identidade Social, com o professor Lídio, já valeu por todo o ano.

Vixe mariana.

Tenso aquilo lá.

E muito, muito elucidativo sobre alguns processos de construção do real.

Muitos.

Mas a gente não fica só nisso. Enquanto chove, a gente prepara um café forte. Enquanto chove, a gente tenta algo inferior, algo em uma tonalidade mais suave, algo mais pastel.

Menos tenso. Menos elucidativo.

Quem sabe, uma pintura do Reveron.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Coruja


Os olhos da coruja espreitam-me
Eles olham quase tudo o que eu faço
até que, com muito olhar, se torna tudo.

Os olhos da coruja me observam
fazendo coisas que recriminam
que desprezam
a passam a me evitar como se eu fosse uma ave de rapina.

Mas não deixam de me espreitar.

Os olhos da coruja não se cansam de me olhar, espreitam pelo dia, pela luz do sol, e pelos zumbidos sobriamente alucinoginados em tímpanos da família e da rua toda.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Produtividade


Controle de produção

Eu produzo saliva

Secreções de diversas espécies.

Eu produzo fezes.

Pus e catarata.

Eu sou produtivo em larga escala.

Líquidos corporais e otras cosas mas.

Eu produzo uma adjência à alternativa castrada.

Na estrada Rio- Santos.

Eu produzo a partida.

O re-impulso de desdesejo.

O gozo, aniquilidado pela ejaculação.

O sêmem.

E tudo vai por água abaixo.

Quando se produz uma doença.

Um vírus vital.

Quiçá bactéria.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

som


Vejo só o sol, ouço só o som.
Vejo só o sol, ouço o som.

Mais que só o sol a sombra vai.
Mais que só o sol a sombra está.

Sigo sem ter tido nem meio dito.
Sigo sem ter fumado nem um cigarro.

Vejo só o sol, ouço só o som.
Mais que só o sol a sombra está.

sábado, 12 de novembro de 2011

Linguagem


Novalis escreveu: "estamos indo sempre para casa".

Ao pesquisar mais sobre isso, encontro um trabalho de uma autora chamada Maria José Cardoso lemos, da UERJ.

Nesse, traz uma citação de Novalis, por sua vez citado por Blanchot:


Existe algo estranho no fato de falar e escrever. O erro risível e assombroso das pessoas é que acreditam falar em função das coisas. Todos ignoram o projeto da linguagem: que somente se ocupa de si mesma. Por isso é um fecundo e esplêndido mistério. Quando alguém fala simplesmente por falar, então justamente é quando diz o mais original e verdadeiro que se pode dizer… Somente aquele que tem o sentimento profundo da língua, que a sente em sua aplicação, seu ritmo, seu espirito musical – somente aquele que a entende na sua natureza interior e capta em si seu movimento intimo e sutil … sim, somente esse é profeta.

Genial.

Fonte: http://www.dubitoergosum.xpg.com.br/simp21.htm

sábado, 29 de outubro de 2011

Quem sou eu?



Óbvio que ninguém sabe responder essa questão.

Eu ficarei imortalizado em pouco menos de dois segundos em que apareci num show do Pixies em 2010, transmitido ao vivo pelo Multishow. Eu apareci lá no cantinho inferior diteiro da tela.

Talvez eu seja isso: alguns segundos famosos (meu amigo inclusive me mandou uma msg de madrugada alegando que havia me visto)num cantinho da tela; bem em frente ao palco, sem dançar ou sorrir: calado ali admirado, admirando o que estava em minha frente.

Com a cabeça latejando de dor, pelos percalços desatrosos e inocentes que se passaram até chegarmos à esse show, pelas preocupações em ter o carro apreendido, em ter perdido a máquina digital, em ter bebido desde o meio dia sem almoço digno.

Talvez eu seja isso, imortalizado pelo youtube. Até que alguém exclua essa vídeo de lá, ou que seja esquecido pelas gerações vindouras e aí assim eu possa estar morto, mortinho, e sem veneno.

Igual aquele mosquito da dengue que você mata ao esmagar entre as palmas de sua mão.


*******


Esse é o vídeo, entre 0,49 e 0,50 segundos eu apareço lá onde eu falei, no canto direito inferior do seu monitor.

http://www.youtube.com/watch?v=t8XBjMjrwMU

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Pressa para abortos


Como tantos abortos que vemos por aí.

Como os abortos de nossos sonhos.

Como as construções de muros que nos separam de nossas aspirações.

Como os abortos cotidianos de nossas aspirações.

Como as portas, que arranham com seus fiapos de madeira , se você estiver com pressa e se quem passou verniz fez um trabalho apressado.

Quando estes se direcionam apressadamente para entre sua unha e a carne do dedo.

Como as portas e os abortos cotidianos nossos de cada dia.

Nossos de cada dia: como nossos sonhos nunca entram em redundância.

Apenas os abortos se repetem. É essa pressa de aborto dos nossos sonhos que não me deixa feliz.

Nem tanto o que entre entre unha e carne.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Tá rebocado meu cumpadre


Os porquinhos da índia são mamíferos roedores.

Eles são legais por que não precisa gastar dinheiro com vacina nem dar banho, é só trocar a água e colocar ração diariamente.

É até legal fazer isso.

O mais legal é ficar olhando seu modo de vida.

Mas às vezes nem é tão legal, e eu canso de ficar olhando prá baixo.

Aí eu olho pro céu.

sábado, 24 de setembro de 2011

todo mundo


Fazer luzes no dreadlock. Essa parece ser a ambiguidade epistemológica contemporânea mais discutida hoje.

Está in falar de ambiguidades; está in querer e parecer o exótico; está in provocar o nonsense desse estranhamento abobado.

Está todo mundo querendo o estranhamento abobado das coisas.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Esmalte e luzes


Estive lendo o blog de Mauro Cézar Pereira, da ESPN, sobre as disparidades ecônomicas atuais entre Brasil e Argentina evidenciadas no contexto do futebol.

As cifras que envolvem contratos com TV e salários de treinadores e jogadores são exorbitantes de um lado e modestas em outro. Brasil e Argentina vão se enfrentar em dois amistosos, Brasil só convocou jogadores que atuam aqui.

No entanto, estarão o Ronaldinho Gaúcho, já consegrado, e valores promissores como Lucas, Neymar e Leandro Damião.

Esse, parece que é um filho do Fred. Não muito o que falar mais do que isso não.

No caso do Gaúcho, é aquele clichê: se ele quiser jogar, se se empenhar nos treinamentos, deixar um pouco os abusos, tendo em vista sua idade, ele tem futebol para isso sim, mesmo estando com 36 anos na copa de 2014.

Já o Neymar tenho que admitir: é foda mesmo, joga demais, acho que pode ser comparado a um ronaldo fenômeno, ou melhor do que bebeto, sei lá. Ele entra na minha seleção dos melhores que eu já vi jogar com certeza. No mínimo, na reserva.

Assim como o Gaúcho.

No caso do Lucas é o seguinte: naquele sul-americano sub-20 ele arrebentou (assim como @Njr92). Ele joga muito, mas não é isso tudo ainda... é questão de tempo, se ninguém atrapalhar.

No entanto a gente atrapalha: o cara jogou muito, a gente vê que ele pode, mas a gente deposita muita expectativa nele, muita expectativa nos ombros de um cara que mal chegou ao profissional, que é bom mas que precisa naturalmente de tempo para amadurecimento e refino de seu futebol.

Aí o Lucas não rende um ou dois jogos, do modo como depositávamos falsa expectativa, e a gente, mais uma vez de modo maniqueísta, começa a duvidar de seu talento.

Aí ele faz aquele semblante de quem acredita que, sim, é um craque, e quando se depara com a realidade, que é bem diferente, quando começa a não jogar porra nenhuma, sente o pesar de perceber que não, não é um craque ainda.

Tem que comer um pouco de feijão com arroz.

Isto não se aplica ao Neymar que, como afirmei acima, é realmente um filho da puta de um jogador. O moleque é escroto mas joga. Fai se fuder Neymar.

sábado, 10 de setembro de 2011

Carreira profissional


Boa tarde. Seguirão abaixo duas dicas importantes para o sucesso de uma carreira profissional: estabelecimento de metas e imagem pessoal.

Estabelecimento de metas: para o sucesso pessoal ou de sua empresa, é preciso o estabelecimento de metas. Comece com um projeto delineando os objetivos a serem alcançados. Depois, estabeleça um percurso de como poderão ser atingidos os objetivos, isto é, o aspecto metodológico: esclareça quais serão os intrumentos, ferramentas ou estratégias utilizadas nesse processo. Posteriormente, serão formados os resultados esperados, que serão o que se deseja alcançar com o emprego de tal estratégia metodológica.

Imagem pessoal: uma outra questão muito importante é a imagem pessoal: No entanto, para uma imagem pessoal estimada, é preciso o estabelecimento de uma imagem pessoal positivamente valorizada pela sociedade, e especialmente pelo grupo em questão. Você não pode ter uma aparência desleixada senão as pessoas não poderão confiar em você. É preciso o estabelecimento de uma imagem que as pessoas se identifiquem, que agrade, que compacte opiniões, em suma, o estabelecimento de um marketing pessoal. Um exemplo disso é a campanha publicitária da Nissan no Brasil, que, só no mês de agosto de 2011, viu suas vendas aumentarem mais de 100% em diversos modelos de automóveis, em relação ao mesmo período do ano anterior; isso, em função estritamente do marketing, e não por uma questão de qualidade do produto (não quero dizer que não possua).

Se a gente não se identifica com um estímulo, seja ele visual ou outro qualquer, a gente tende a evitar. Se a gente se identifica, se aproxima.

Por exemplo, quem não tem metas, quem não tem objetivos, quem não assume responsabilidade de construir deu destino, geralmente não cresce na vida.

Um mendigo, por exemplo: a gente não confia em um mendigo que vive sujo a pedir esmolas, exemplo de uma pessoa vagabunda e ser humano desprezado pelo nosso modo de organização e pensamento social contemporâneo.


Um mendigo é algo para ser repensado pelos meios de segurança pública, pois incomodam a gente.

Um fato interessante a ser destacado, é que na esquina aqui perto se localiza um mendigo que vive a empunhar os seguintes dizeres em um pedaço de caixas de papelão do amaciante de roupas líquido Coutrol*:

"Ninguém é só bom ou mau. As pessoas são o que elas quiserem. Por bem ou por mal".

Deve ser pelo efeito das drogas, é claro.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Choque

No post abaixo, tentei esboçar uma analogia entre netuno e a morte. Ou seja, olhando para a constituição do espaço, do universo, encontramos fenômenos como as galáxias, que são conjuntos de estrelas e outros corpos ou agregados de matéria.

Quando a não matéria se torna matéria...

Um conjunto de átomos...?

Interessante notar que a nossa galáxia, a Via Láctea, possui uma irmã gêmea, a Andrômeda, com a mesma idade e tamanho. Porém, elas logo irão se chocar, daqui há alguns bilhões de anos luz, se as contas estiverem corretas.

Parece que elas se aproximam à cerca de 500 mil de quilômetros por hora.

A gente não pára nem um milésimo de segundo de se mover, mesmo estando parados, e o pior é que a gente nem percebe. Ao mesmo tempo, se você quiser, olhando prá cima, a gente vê que tem algo se movendo o tempo todo, tem algo vivo ali que se movimenta e se expande constantemente.

Talvez não ininterruptamente. Mas que tem algo vivo ali, tem.

Mesmo sabendo que logo nos chocaremos de maneira existencial e aí sim teremos problemas reais com os quais devemos realmente nos preocupar, e só assim teremos motivos para deixar de lado então a imprescindibilidade de sorrir.

http://www.youtube.com/watch?v=LpS3c0kVdQE&feature=related

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Netuno


Esse planeta fica a 4,5 bilhões de km da Terra. Possui em seu centro o que foi denominado de grande mancha escura, que aparentemente seriam sistemas de tempestades que girariam em sentido anti-horário.

Ao sul da grande mancha escura, se encontra a pequena mancha escura, que seria uma tempestade na atmosfera neptuniana, semelhante ao que aconteceria em Júpiter.

Netuno apresenta uma atmosfera dinâmica, passando por alterações em um curto período de dias.

Diferenças de temperatura suscitariam tempestades e instabilidades em larga escala.

Podem ser observadas formações rosadas em sua atmosfera, que são agregados de gases de metano com cristais de gelo.

Sua atmosfera é composta, em sua maior parte, por hidrogênio, seguida por um pouco de hélio e um mínimo de metano.

Um grande planeta azul, loge prá caralho.
Isso é extremanente simpático e sedutor.
Netuno deveria virar moda. Deveria virar um exemplo para todos.
Acho que a gente deveria se entender como netuno.
A gente deveria viver tendo netuno como norte.
A gente deveria morrer pensando em netuno.
Se a gente morre, nada acaba, por que em netuno a gente sabe que as coisas são dinâmicas: movimento e alteração.

Graças adeus.

Pensar na morte com base em netuno nos faz pensar que não existe um final, apenas partes de um mesmo processo; talvez sombrio e avassalador, talvez um pouco outra coisa... quem sabe, outra coisa mais azulada, com manchas rosas e claras, em uma imensa escuridão, profunda escuridão sem fim.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Golfe


Qualquer coisa que se escreva, nunca vai dar certo, se tiver alguma coisa incomodando.

Pelo menos é assim comigo. Se tiver um barulhinho ali atrás, já destroça toda minha capacidade de raciocínio ou de não raciocínio para desferir aquela tacada mágica em direção aos teclados ou caneta e profetizar mais um pensamento prá história da minha família.

Penso que, quando meus netos ou sobrinhos-netos ou tataranetos de algum parente próximo for pesquisar algo sobre seus antepassados, quem sabe ache alguns de meus textos e possa então entender alguma coisa disso tudo que acontece.

Deve ser como numa tacada de golfe: é preciso silêncio, para enfim conferir aquela bela golpeada na bolinha branca e levemente pesada até perto do buraquinho com a bandeirinha.

Sagaz e itinerante como um jogo de golfe deve ser.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Não pode


Sabe o que não pode? Não pode um cara que se diz especialista em drogas, um filósofo e doutor sei lá das quantas, falar um monte de bobagens sobre esse assunto!

Como se entendesse do assunto!

Sem nunca ter tomado um gole ou dado um trago.

Isso não pode.

A temperatura teve uma queda de -8 graus na capital espiritossantense Vitória.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Vontade de droga ou droga de vontade?



Imagine você, com a sua vontade de drogas, começar, por livre e espontanea pressão, a pensar em parar seu deleitoso consumo.

Logo um parente sugere uma clínica de reabilitação, recuperação, tratamento, psiquiátrica, fé em deus dj!, seja lá que droga de nome ela tiver.

Lão vão estar um monte de profissionais que não são uma droga em si, mas trabalham e precisam da droga do dinheiro; isso faz deles uma droga.

Assim como Amy, sem sentido e sem controle, a gente desiste dessa ideia nefasta e sem sentido.

Imagine, porém, escutar de um profissional que você pode sim continuar usando o crack. Pode continuar com seu cotidiano de consumo dessa grotesca pedrinha mágica.

Mas que, em vez de você fumar cinco pedras por dia, por que você não pensa em fumar três pedras e dois baseados.

Duas perninhas de grilo, quiçá.

É melhor prá você.

sábado, 13 de agosto de 2011

Vontade de doença


Em que medida - sempre há de existir uma - em que medida a gente não dispões, em determinaod moneto de nossa vida, de uma vontade de doença.

Não considero o mesmo que pulsão de morte da psicanálise, nem esse discurso que gira em torno da autodestruição, etc.

Não é nada disso. É uma vontade que dá na gente de cair e permanecer doente por algum período.

Seria equivocado entrar numa discussão sobre causas, uma vez que são processos que se desenvolvem a partir e nas relações, humanas e do homem com qualquer outra configuração da realidade.

Ou poderia ser causada por uma série de situações de vida, que culminaria nessa espécie de estratégia de defesa, de fortalecimento, de sair-se vivo da guerra, mesmo tendo perdido a batalha.

Seria, pois, um tipo de fatalismo russo, de Nietzsche?

"Estar doente é em si uma forma de ressentimento. - Contra isso o doente tem apenas um grande remédio - eu o chamo de fatalismo russo, aquele fatalismo sem revolta, com o qual o soldado russo para quem a campanha torna-se muito dura finalmente deita-se na neve. Absolutamente nada mais em si aceitar, acolher, engolir - não mais reagir absolutamente..."

e continua:

"A grande sensatez desse fatalismo, que nem sempre é apenas coragem para a morte, mas conservação da vida nas circunstâncias vitais mais perigosas, é a diminuição do metabolismo, seu retardamento, uma espécie de vontade de hibernação".

Pronto, call me Bear. Grylls.

O círculo


Não sei se as pessoas dão a devida atenção para essa figura geométrica.

Esses dias, ouvindo um professor falar sobre pesquisa com crianças, me lembrei de uma pesquisa que fiz com escolares de 5 e 6 anos. Era sobre família, e eu fiz três perguntas, referentes à "o que é uma família", "por que as pessoas têm família", e "como será sua família no futuro".

Pedia que, antes de me responderem, buscassem representar graficamente o que pensavam sobre as questões.

O interessante, deixando os resultados de lado, é a questão do desenhar: o círculo representa a forma fechada, a organização; em geral, a criança começa a desenhar o sol, frequentemente aparece sorrindo, e a patir daí a criança passa a desenhar um rosto humano, subsequentemente evolui e representa os membros saindo desse círculo, dando forma ao corpo humano, enfim.

No caso do desenho infantil, o círculo é fundamental.



Uma pergunta: será que nós temos a altivez de perceber que a gente vive em movimento, girando, em cima de uma esfera, que por sua vez gira em torno do sol?

Quer dizer, num constante circular?

Dizem que o sistema solar vai se fundir, daqui a alguns anos-luz, com andrômeda, uma galáxia vizinha.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Abacaxi



A gente fica áspero. A gente se torna áspero com algumas coisas que acontecem.

Assim como uma batatinha: quanto mais atrito ela tem com seu ambiente, isto é, quanto mais pancada ela leva no trajeto de retirada da terra, desde a kombi que a conduz até o supermercado, e de lá até sua casa, a cada atrito nesse percurso ela fica manchada, marcada, sua casca fica riscada; se torna cada vez mais áspera.

Áspero como o abacaxi. E o pior: o abacaxi, ao contrário da batata, ainda tem aquela coroa que pode machucar as mãos desavisadas de uma criança de dois anos e meio, ou as mãos desplicentes de alguém preocupado com alguma coisa, que, ao ter que fazer um suco para uma criança, por exemplo, acaba se machucando sem querer.

Historicamente a batatinha, por sua vez, foi usada nos navios, na época das grandes navegações, como forma de combater o escorbuto (vai no google e veja o significado). Muito importante, esteja ela com sua casca manchada ou não.

Se bem que o abacaxi, seja áspero e com coroa cortante, ainda assim é muito doce por dentro - quanto mais velho, quanto mais experiente e manchado, mais doce.

De tanto, apodrece e volta para a terra, de onde saiu novinho em folha.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Porta de saída


A maconha, quem diria, tão conhecida vilã, considerada porta de entrada para outras drogas, serve também como porta de saída!

Isso mesmo, essa substância é utilizada em algumas situações como estratégia de redução de agravos em saúde. Vou explicar: imagine um usuário de crack, de consumo abusivo, que utiliza, supomos, trinta pedras por dia.

A maconha pode ser utilizada como estratégia para que os intervalos entre uma pedra e outra de crack sejam cada vez mais espaçados. Por exemplo, se das trinta pedras, ele fume quinze e cinco baseados, isso é considerado como redução de danos associados ao uso prejudicial de crack.

É preferível, diriam alguns especialistas, que se instale a "dependência" de cannabis, à do crack. Beijos.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Marcha da Maconha


Assisti entusiasmado o debate ao vivo pela TV Justiça sobre a liberação da Marcha da Maconha, pelos Ministros do Superior Tribunal Federal.

A decisão sobre a legalidade de tal movimento foi unânime. A reunião, desde que pacífica, não fere a Constituição e não faz apologia à crime nenhum.

Por pouco, não entrou em debate a legalidade para plantio doméstico e uso para fins medicinais.

Eu disse plantio doméstico.

No entanto, o Ministro Celso de Melo, relator do processo, não excluiu a possibilidade para esse debate em situações futuras.

Diante disso, eu diria: se segura malandro, por que a hora prá fazer a sua cabeça, logo logo, vai ser você quem decide.

Logo, logo.

Mas espera sentado.

Ramuf Mu.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Afinal, quem.


Tem horas em que a gente tem que esculachar com os provérbios.

Tem um provérbio que diz: não dê um passo maior do que as pernas.

Outro diz que é preciso subir de degrau em degrau.

Que o caralho.

Manda prá puta que pariu os provérbios.

Vou dar um passo largão.

Vou tentar subir uns três degraus de vez.

Vão ver o que que dá.

Se sou eu ou o provérbio.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Descambo da medicina


Quase todo mundo deseja emagrecer hoje, menos quem já é magro. Aliás, muita gente magra sempre diz que quer perder mais uma coisinha aqui ou ali.

Uma vez em desembestei de fazer academia. Foi ridículo, na verdade, e só fiz um mês para nunca mais sequer passar na calçada daquele lugar.

Por outro período fazia caminhada na pedra da cebola. Lembro que emagreci bastante. Junto dessa andanças, regulei um pouco minha alimentação. Não fui a nenhum médico, é claro, para que me passasse uma dieta a seguir.

Acho até engraçado quando vejo essas situações, onde o médico vai e passa uma lista para a pessoa dizendo o que, quando e como ela deve comer. Me lembro de uma pessoa que me relatou que a sua médica havia passado no café da manhã uma folha de alface. Poxa, olha o meu tamanho, eu diria! Comer uma folha de alface? Se a pessoa precisa perder peso, que seja de uma maneira equilibrada, isto é, por etapas, não que assim seja correto, isso ou aquilo, mas respeitando e tendo em vista a realidade da pessoa.

E o pior: geralmente uma dieta passada pelo médico é igual para todo mundo! É ser muito burro mesmo.

Convenhamos: muitas vezes não é a falta de informação que faz com que as pessoas adquiram uma dieta com excesso de calorias. Parece que é preciso que alguém sob o rótulo de sabichão especializado diga o que você deve fazer para ser feliz, e magro.

Eu sei que eu acabei que voltei para minha dieta "desregulada", que me traz riscos de infarto do miocárdio e complicações vasculares.

Eu quero mesmo é que o médico que fala esse monte de asneira se foda.

A questão é essa: eu descambei prá inconstância.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Para quem não gosta de peixe


Feriado de páscoa é sempre aquela coisa: todo mundo se empaturrando de torta de bacalhau. Só não é bom para quem não gosta de peixe.

Lembro que, quando mais jovem, com frequência passávamos o feriado na casa de minha avó em Guaçuí.

Bela e gostosa Guaçuí.

Chegávamos lá e era sempre a mesma coisa: a gente não podia comer nenhum tiragostinho porque não podia comer carne. E mais: sequer podíamos beber! Não é alcoolismo, mas sempre chegávamos lá com aquela felicidade, aquela euforia, revendo os primos, reunindo a galera, doidos para tomar umas cervejinhas com o pessoal e comer uns torresminhos... e a gente não podia!

Tínhamos que entrar também no sofrimento.

sábado, 16 de abril de 2011

Injeção auto-aplicável


Tenho percebido que minha culpa tende a aumentar a cada dia que passa.

É como se injetassem em mim uma certa quanidade de culpa fabricada.

Parece um tratamento que, todo dia, devo ir à farmácia e pedir que me injetem determinada quantidade de culpa; e digamos que, todo ano, essa dose aumenta.

Nesse caso o problema não é nem o valor da culpa, é a quantidade.

Ou melhor, sua progressão.

Parece um tratamento para a selvageria; a cada passo, desde que nascemos, somos domesticados e definidos em uma quantidade pequena de comportamentos.

A gente nasce selvagem.

O nosso pensamento é embotado e compactado.

E a gente é alimentado com culpa.

Ironicamente, isso faz sobreviver, mas como um urubu que se alimenta de restos podres de carne.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Desejo de identidade


Minha identidade é um quarto enfumaçado. Minha identidade é algo do qual eu não queira ser. É estar sempre mais acolá do que aqui.

Minha identidade são posturas profundas. São posturas envergonhadas que refletem e sugerem o despreparo. O desespero. Sugerem que não se possa sair.

Minha identidade é um incenso queimando. Um incenso de morango, furta da qual se encixa na espécie das ficoeaes rubros que, até pela proteína cibinina presente em sua coloração avermelhada, é últil no combate a células cancerígenas.

Essas células têm o desejo de destruir outras células saudáveis e aniquilálas. É algo natural. É um desejo de morte da natureza.

O câncer está em seu pensamento. Quando sua identidade é o desejo de câncer.

terça-feira, 5 de abril de 2011

El cuerno del rinoceronte


A natureza é mesmo irônica: certa vez nasceu um rineceronte, aparentemente como qualquer outro.

Contudo, em sua adolescência, notou que era diferente de seus colegas: todos estavam com os chifres nascendo, menos ele.

Começou a ser taxado pelos colegas.

O que o incomodava não era o bullying que sofria.

No lugar do chifre, nasceu um calo. Então toda vez que ele ia dar uma chifrada, como por instinto, ele sentia uma dor aguda, pois batia rispidamente com seu calo.

Porém, sempre repetia esse comportamento, e sempre dava com o calo em riste.

Não conseguia sobrepujar seus instintos animais.

terça-feira, 1 de março de 2011

É para quem não vê mais graça em ver a luz


Meu olhos querem fechar.

É para quem quer se cansar mais para poder se exaurir de vez.

Por completo.

Meus olhos querem fechar.

É para quem não sabe mais onde encontrar a luz.

Ficou cego.

Mas de propósito e sem nenhum dano físico.

É como o avestruz que peleja para enfiar a cabeça em um buraco na terra.

Terra dura.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

O chifre


Horas em que não se quer pensar.

Horas em que a preguiça não quer deixar fazer nada.

Nem o corpo nem o pensamento.

Tem horas em que não se quer fazer nada.

Apenas beijar o chifre do diabo.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

A fé


Vou deixar para lá

a fé caiu no meio

da rua

não adianta voltar.

Uma vez a professora de história do meu ensino básico nos relatou em sala de aula que tinham um caderninho com as pichações de cada um de nós.

Eu e meus colegas tinhamos por hábito sair para pichar alguns muros - sempre tendo cuidado para aqui no bairro não pichar casas, pois poderiam ser de alguém conhecido.

Nosso alvo, por exemplo, eram muros fáceis de pichar, isto é, de terrenos baldios, etc, mas às vezes a gente pichava os muros de colégios particulares aqui do bairro.

E eles tinham esse caderninho, continuou a Beth, pelo fato de sermos ainda um bando de pichadores amadores... mas que, com o tempo e a prática, acabam virando profissionais.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Ir embora


De repente eu possa ficar.

Talvez possa ficar por mais alguns minutos.

Quem sabe eu possa ficar aqui

antes de ir embora.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Caracu



DEUS criou o mundo.
E o mudo também.

Numa folha qualquer desenhou uma maçã vermelha.

DEUS também criou Isaac Newton.

Isaac Newton viu na simples queda de uma maçã algo extraordinário.

Não se sabe se chutou a maçã depois ou a comeu.

Eu, por minha vez, nunca vi uma macieira, mas, diferentemente de Isaac, eu vi meu mundo cair, assim como a Maysa.

Com o meu mundo, caíram todos as sombras e os demônios que o povoavam.

DEUS continuou após meu mundo cair, como se não tivesse nada mais para fazer.



Mas o engraçado é que boa parte de meus medos permaneceram comigo também.


O engraçado que a culpa permaneceu, e com ela uma sensação demasiada ruim, sem ter consciência de exatamente em função de que seria.


O engraçado é que minha coragem havia ido embora junto com o caracu.


O engraçado é que eu ainda me sentia desgraçado.

Quase nunca


Nunca fui fã de Wanessa Camargo.

Há alguns anos, estava de carona e ouvi na rádio uma música dela cujo refrão suplicava: "metade de mim te ama e te adora e outra metade de mim precisa ir embora".


Mas o refrão não meramente entrou por um ouvido e saiu pelo outro.


Esse trecho adentrou as profundezas de meu intelecto e neste fez sua morada,

pois,

simplesmente aborda de forma exuberante e maliciosa ao mesmo tempo e extremamente clara a natureza do bicho homem, isto é, a contradição, a ambiguidade, o senso de não completude.





Eu nem sempre tive pensamentos contraditórios.

Quase nunca.

Diogo Mainardi, um profissional da opinião, uma vez escreveu que já se pegou dando opiniões contraditórias sobre o mesmo assunto.

É mais ou menos isso.

A gente nunca tem certeza de tudo ou nada.

A gente inventa tudo ou nada.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Em frações


Você precisa disso? - disse ela.

Algumas frações de segundo se passaram como séculos para ele, que mantinha durante todo esse momento seu olho em riste.

Passaram-se outras frações de segundo, sem que ele pudesse esboçar qualquer tipo de reação.

Sua sombrancelha franziu.

Curvou seu pescoço para a direita, de modo que seu rosto quase fitava o dela.

Mas ainda assim podia vê-la.

Ainda assim podia falar com ela.

Ainda assim podia explicar o que estava fazendo.

Mas preferiu continuar calado, por que não sabia responder a pergunta dela.

Levante

 Na sua palavra eu cuspo o A é minha Lei