quarta-feira, 16 de setembro de 2009

I dont want to live my life again.


Eu piso em falso, na verdade eu caí de imaturo, e assim minha cara arrasta no chão, e pelo vão do impacto do asfalto em meu rosto, a aspereza do concreto defasado pelo desvio de verba pública rasga a minha pele e me fere, entra a areia que o vento noroeste trouxe da construção abandonada e cheia de mendigos fumando pedra, da construção onde o cão cagou o pão que ele comeu, amassado pelo próprio demônio em chamas, fugindo de deus fingindo ser um servidor público, fingindo ser um juiz, que por sua vez efetivava um abraço púdico com mãos que afagam sem carinho, com mãos que afogam onde não há água. Onde não há praia, eu morro na areia do asfalto quente, meu osso quebra no chão, e não há ninguém para chamar pelo rabecão.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

A palavra é...


cansado, essa é a palavra.

Me sinto pressionado, tenso, tá foda.

Gostaria de tentar o doutorado esse ano. Tenho que escrever um projeto para fazer a seleção... até tenho umas idéias, mas tá osso.

Chego em casa, lá pelas seis, cansado, vou me alimentar, abraçar e beijar filho e esposa, e ainda tenho que ir pro computador - com puta dor - para escrever, isto é, tenho que pesquisar primeiramente e assim tentar escrever um projeto.

A idéia principal, é verdade, tá na cabeça, mas falta escrever toda a teoria. Talvez, seja prudente amadurecer minhas premissas, ou tentar o ano que vem.

Meu pai quer que eu tente esse ano.

Minha esposa quer que eu tente esse ano.

Minha mãe quer que eu tente esse ano.

Meu filho, se falasse frases compostas, iria querer que eu tentasse esse ano.

As unhas do Maradona roídas querem que eu tente esse ano.

Eu mesmo quero tentar esse ano.

Mas, infelizmente eu não vou conseguir esse ano.

Sou sincero e claro com meu fracasso.

Seja bem vinda, impossibilidade.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Dança do diabo


Muitas pessoas lêem algumas frases de algum livro e saem falando verdades abosultas e eternas sobre o que leram.

Em Nietzsche, isso é muito claro.

Por exemplo, a começar pela sua identificação: todos chamam ele de filósofo. Nietszche não era filósofo e nunca foi filósofo.

De formação, era filólogo, e chegou a dar aulas sobre isso. Que eu saiba, ele inclusive tentou a cátedra de filosofia, mas parece que não foi classificado para o posto, se não me engano numa universidade da Basiléia.

Também acho que ele não se arrependeu disso.

Ele foi muito mais do que filósofo.

A quem me entende, basta ler e compreender o que o próprio bigodudo entendia por filosofia - como mais uma forma de vontade de verdade, isto é, indo de encontro, portanto, à vontade de poder, de potência e superação, e nesse encalço, de vida.

Assim como a religião e a ciência são vontades de verdade.

Nietzsche também não matou deus.

Muitos o acusam de tal latrocínio, mas não - ele apenas constatou sua falência, ou seja, viu que deus tinha morrido (assim como tinha uma pedra no caminho) mas muitos ainda não se davam (dão - darão) conta; assim como tentou zaratustra, em vão, convencer a multidão.

Nietzsche tampouco era ateu. Nietszche revela em zaratustra uma passagem em que o anão vê uma santidade, e que zaratustra era mais crente do que imaginava.

"antes nenhum deus - antes ser seu próprio deus e dar cabo ao seu destino"

O ateísmo é apenas mais uma vontade de verdade, no caso, mais uma forma de decadência da espécie humana, uma espécie porém, refindada de religião.

Por isso a necessidade do além-do-homem. Alías, este é outro equívoco que se comete: não é "super-homem" de quê Nietzsche fala, pois assim seria o homem com suas idiossincracias potencializadas, isto é, o erro estaria aí sublimado.

O que ele propõe é a superação da humanidade, ou seja, o homem deve ser ultrapassado, e não tornado grande.

Além-do-homem ou sobre-o-homem, seriam a tradução mais exata de "übermensch", termo em alemão.

Por fim, a própria tradução de "der antichrist" pode siginificar "o anticristão", e não "o anticristo", como predomina nos livros da companhia das letras e outros.

Scarlet Marton tem uma frase que resume as certezas de verdade sobre Nietzsche:

"quem julgou compreendê-lo, equivocou-se a seu respeito; e quem não o compreendeu, julgou-o equivocado".

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O medo


Muitas pessoas falam que "eu, eu não tenho medo de nada não!". No entanto, nunca se sabe.

Eu, eu tenho medo de uma porrada de coisas. Com certeza, né. Quem não tem...ou é ruim da cabeça, ou doente do pé.

Sobretudo, o medo nunca me impediu de fazer nada. Mesmo com medo, eu faço aquilo que, por ventura ou seu oposto, eu tivesse, eventualmente, que fazer.

Meu medo não foi um estimulante... ou foi? Mas, de certo, meu medo nunca me impediu de fazer nada.

Mesmo com medo, eu ia lá.

Levante

 Na sua palavra eu cuspo o A é minha Lei