quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Ecbátana


Eu e Manuel

Se Manuel foi embora
Foi embora prá parságada
Eu continuo nessa vida
A me perder pela estrada

Não permita deus que eu morra
Sem antes conhecer parságada
Mas vou-me embora nessa vida
A me perder pela estrada

Se Manuel foi embora
E deixou a conta a pagar
Eu sem caneta nem cigarro
Ouvindo a ave a cantar:

“Passei a vida a toa, a toa!” – Eu não.

Se Manuel estava triste
Foi embora tomar banho de mar
Andar de bicicleta
E ouvir joana a cantar

Eu, quando estiver triste, mais triste de não ter jeito
Quando a noite me der vontade de me matar
Ah meu deus, sem cama e sem mulher
Eu tento de tudo

Mas continuo nessa vida
A me perder pela estrada

Manuel foi embora
Eu vou ficar.

Prefiro me perder a de todo me queimar.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Ranca rabo


O homem vivia em uma casa. Em sua casa, além dele viviam inúmeras lagartixas, aquele bixo que, quando acuado, solta seu rabo.

O homem não gostava das lagartixas em sua casa, e vivia a acuá-las, tentando matá-las; e elas a rancarem seus rabos.

O homem vivia no ranca rabo com as lagartixas. Mas não adiantava, ele as matava e sempre apareciam mais.

Mas um dia o homem pensou: percebeu que em sua morada sempre havia inúmeras teias de aranha, e portanto várias aranhas e outros insetos pequenos como mosquitinhos.

As teias e as aranhas não incomodavam, pois por sua vez, acabavam com alguns insetos de sua residência.

Mas aí ele pensou, pensou e decidiu acabar com as aranhas, que, prudentemente, serviam de alimento para as lagartixas.

A partir desse dia, sem as teias, sua casa ficou livre de lagartixas, pois estas não encontravam alimentos lá.

Morais da história:

1- Escolha o mal menor para conviver. Ele preferiu mosquitos do que lagratixas.

2- Mesmo com o risco de morte e ameaça constante, a gente ainda vai atrás daquilo que nos mantém vivo.

3 - Se você quer se ver livre de pragas em sua pobre e estupefada estafada estarrafada vida, não as mate, mas acabe com aquilo que as mantém vivas.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Coragem


Novamente eu questiono: onde está minha maconha, diabos?

Eu nunca tinha visto tantos evangélicos por metro quadrado.

Mas às vezes a gente tem que ter coragem para falar, para enfrentar, para temer.

Esse é paradoxo: coragem para ter medo também, querer morrer, e também querer viver, e desprender do desprendimento, ter deus é não ter deus.

Não ter medo de se fuder.

Mas eu não vou jogar pérolas aos porcos.

Nem vou usar um colar de torresmo em meu pescoço.

Mas também não vou permitir que nenhuma fruta estrague em minha cestinha de frutas.

Não ter medo de se fuder.

Paga-se mal a um mestre quando se continua a ser sempre o aluno.

Mas eu não irei arrancar coroa de louros de ninguém.

Não tenha medo de se fuder.

A pressão torna o carvão diamante.

A pressão torna o carvão diamante.

Desde que este seja um carvão mineral, que pode se tornar um diamante, com a pressão.

Eu não terei medo de me fuder.

Mas é preciso ter um pouco de coragem, para se enterrar lá e permanecer paciente por séculos, sob pressão.

Como uma minhoca que se fode.

Levante

 Na sua palavra eu cuspo o A é minha Lei