terça-feira, 9 de outubro de 2012

Torta

Ontem a imprensa noticiou o fato de que um professor universitário teria reclamado com a polícia sobre a qualidade da substância que ele havia adquirido com um traficante. Logo, foi detido e autuado como usuário.

Logicamente, disse o repórter, esse professor está precisando de ajuda. E aliás, é uma coisa que vocês da mídia não fizeram, com essa reportagem. Ironia, né. E aliás, nem a polícia que, trabalhando muito bem e em conformidade com a legislação vigente (essa, sim, não muito boa, digamos), pertubaram mais ainda a vida do transtornado mestre.

O engraçado são as boquinhas que os reporteres fazem ao noticiar o fato, tipo assim "que feio, hein", e o modo de falar do delegado, exuberando certa "delegadice" peculiar, representada pelo modo de falar e se expressar, a desferir jarradas de saliva em todo mundo.

Por se tratar de um "dependente químico", a reportagem não mostrou o rosto do perturbado mestre.
Ouvindo a referifda reportagem na CBN, categorizando o professor como dependente químico, lembro de uma palestra (na própria universidade) de um sujeito de cabelos brancos, chamado Domiciano Siqueira, que discursava sobre a plateia sobre TRÊS formas muito comuns de entender o uso de droga: para a medicina, trata de uma dependência química, ao qual, ao sujeito, é direcionada a INTERNAÇÃO; para a justiça, trata de uma infração, sob a qual ao sujeito é direcionada uma PENA; para a religião, trata de um pecado, e ao sujeito é direcionada A SALVAÇÃO. Contudo, Domiciano salientava a necessidade de uma quarta visão, a da saúde, e de que o uso de droga é compreendido como um DIREITO da pessoa humana.

Os policiais envolvidos disseram que o professor apresentava ainda um discurso peculiar aos "usuários de droga", tipo incoerente, desconexo, não lembro com exatidão os termos usados na reportagem.

Diante disso, destaco um recorte do Plano Emergencial de ampliação do acesso ao tratamento de álcool e outras drogas (2009 - 2011):

IV - enfrentamento do estigma: deve haver uma dimensão política de enfrentamento do estigma associada a toda e qualquer ação proposta para a população usuária de álcool e outras drogas, tendo em vista que o acesso ao cuidado tem importantes barreiras sociais, oriundas da compreensão ainda existente de que a estes cidadãos devem ser ofertadas somente políticas repressivas. O estigma se manifesta também pela desconfiança dos usuários em relação ao acolhimento e cuidado oferecidos pelo Estado.



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