segunda-feira, 11 de março de 2013

Cherão



Com a morte do Chorão, 99,99% de todo ser humano acusou a cocaína pelo assassinato. Na verdade as drogas. Na verdade, pela sfotos, havia lá, um pouco de pó na mesa e mais duas sacolinhas aparentemente intactas ainda (e já era seis da matina), outros medicamentos, latinhas de energéticos e se não me engano, alguma bebida alcoólica.

O que me intriga é que, com as notícias dos mais próximos de que ele estaria assim depressivo e usando drogas por causa da separação da mulher, há seis meses, esta já entrou em cena então acusando deliberadamente a cocaína como causa da morte e até da separação com o Chorão, e tirando o foco de si. De fato, até o Faustão caiu nessa.

Keith Richards diz que nunca teve problemas com drogas; todos os seus problemas, garante, foram com a polícia. Muita gente consegue cheirar cocaína sem ter que terminar chutando as paredes do aprtamento. Reduzir a complexidade das relações que foram determinantes para que o Chorão estivesse em um estado "depressivo", ao simples uso de droga, é uma tremenda burrice. E, como meu afirmei acima, quase todas as pessoas fazem isso.

É muita estupidez de nossa parte e injustiça com o Chorão entender a morte dele como obra da cocaína, por que não foi. A cocaína é perigosa? Sim. As armas são perigosas? Sim. Pegar ônibus na Serra após às 22 horas é perigoso? Sim. Mas eu não vou sair por aí comprando armas e alvejando p3essoas pela rua; nem pegarei um busão de noite aqui no bairro. De fato, a compulsão originada pelo uso pode ser prejudicial e danosa, levando a comportamentos considerados desajustados socialmente. Contudo, na ausência de outras relações satisfatórias para o indivíduo, essa compulsão parece se tornar a principal meta de desejo e goso do sujeito.

Assim, é preciso pensar na qualidade de relações que estão estabelecidas, principalmente em torno da problemática das drogas. Tdos sabemos que a política que proóe o proibicionismo é mnais danosa do que o próprio uso de drogas. Basta ver: quem morre mais, por overdose ou por arma de fogo fruto do tráfico? Então, é preciso uma ruptura com essa política nefasta e vergonhosa.

Depois, a mídia e as pessas comuns estabelecem uma concepção em cima destas categorias - drogas e uso de drogas - que as associa à sinais e padrões neativos, sendo alvo então de intervenções muitas vezes opressivas e repressivas, como as internações compulsórias, por exemplo. É tipo aquilo, pensando no craqueiro: se o cara tá lá no viaduto noiadão a vida toda, é porque as relações dele com a sociedade são pobres, a miséria econômica e afetiva, não só de seu grupo familiar e social, mas também do Estado, começa a se mostrar nessa gente noiada.

Mas esse não era o caso de Chorão. Aliás, é bom lembrar de uma música dele: "as pessoas ao redor nunca me entendem". E isso permanece após a sua morte, Chorão, infelizmente né. Continuam sem entender porra nenhuma e a estabelecer análises simplistas e rídículas que culpam a droga pelo seo ocaso. Enfim, você sequer deve erstar me ouvindo, então pararei de me referir diretamente à você.

Nunca fui fã dele. Nunca fui apreciador das músicas dele. E continuo não sendo, mas, como todos que morrem, agora irei oprestar mais atenção em algumas coisas. De fato, anteriormente à sua morte, acabei tovcando alguns rifs de canções de sua banda, tipo aquela "quinta-feira", que aliás, versa sobre o uso de cocaína. Seria um aviso, tal como Kurt Cocabain o fez em "I don't have a gun"?

De fato, o Estado precisa pensar seriamente em como fazer para desfazer esse nó - esse nódulo, essa hérnia - que se estabeleceu em nossa cultura. Fazer o cara que deseja continuar usando drogas, continuar a usar, mas com qualidade e segurança, uso limpo, saudável, mesmo que, assim como toda substância que altera o SNC, usada em excesso (como pode ser a tendência na cocaína, pela compulsão), pode agravar a saúde.

Nenhum comentário:

Pegar uma cachow

Projeto Caparaó   Rural – “sem rede?” Ações de saúde mental no campo das políticas de álcool e outras drogas LEI 10.216/2001 LEI...