quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Ouço metal e gosto da noite


Noite é escura.

Algumas podem ser frias, outras mais ofegantes.

Mas todas são sempre escuras.

Onde gatos são pardos.

Onde a sombra torna turva a visão.

***


Ao contrário do que possa parecer, escuridão não me impossibilita de ver.

A luz do sol escaldante em borbulhas bombásticas geselioficadas impede minha visão.

Claridade faz com que eu cerre meus olhos a ponto de ver as coisas com enorme dificuldade.

Não é a noite, mas o dia ensolarado que impede de ver as coisas com mais facilidade.

domingo, 19 de dezembro de 2010

As portas fechadas


Portas

as portas fechadas

sugerem que não se pode
sair

as pontes

as
pontes condenadas

sugerem que não se pode
passar

mas esquece de outras portas
e outras pontes.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Êêêêêêêêêêêêêê!!!


Início de semestre, segundo dia de aula no curso de psicologia.

A professora de desenvolvimento iniciaria uma aula expositiva no início e posteriormente os alunos se uniriam em grupos para discutir o tema.

Dieguinho se estremece pela chatice e inutilidade daquela matéria e logo clama:

“Professora, falar disso não, professora, pelamordedeus, isso é muito chato! Vamos falar da vida! Mas não falar da vida dos outros, mas debater sobre o ponto filosófico! Vamos filosofar com base em grandes autores sobre a vida, depois a gente relaciona isso com o nosso senso comum, e aí então a gente usa o saber específico da psicologia!”.

A professora manda Joãozinho para a coordenação por indolência.

Ele chega em casa e vai procurar o que isso significa no dicionário eletrônico Michaellis.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

InstabILIDADe


Eu sou a inspiração.

bem X mal - modo de pensar a vida. Desde Platão.

Só existe psicologia por causa desse pensamento universal.

Rompimento ruptura

Avaliar a vida a partir da experiência - não tem engano, pois seu corpo foi afetado.


Potência: ato, ação. Aqui, nada falta, ao contrário, há abundância, excesso.


Aumento de ação é sempre acompanhado por sentimento de alegria.

Fortalecimento da vida.

Foucault: cuidado de si - está cuidando de todo o entorno também...

Somos seres de pertencimento.

Maus encontros: doença - diminui a potência de ação (em princípio).

Dor.

Configurações mais ou menos estáveis.

Instabilidade.


Restrição - sofrimento


Liberdade é uma produção: ao longo dos encontros, a gente produz mais ou menos liberdade.

Espinosa - determinação.
Nietzsche - acaso.


Eu isso, eu aquilo, eu faço...

o que sou eu

..."os modos de ser são frutos de nossos encontros".

instabilidade

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Amargo


Comecei a tomar café, em boa quantidade, isto é, cerca de umas cinco xícaras cheias por dia, na época em que me graduava em psicologia.

Sentava a tarde no meu quarto com meus textos e minhas xícaras de café.

De início, tomava-as com açúcar.

Mas comecei a me sentir impregnado pelo açúcar, meio saturado por tantas xícaras e consequentemente tanto açúcar.

Passei a tomar com adoçante.

Eu realmente não gosto de adoçante nenhum, tanto que só o uso no café mesmo, que não dá para ficar sem.

Comecei colcando algo em torno de 8 gotas por xícara.

Eram muitas.

Aos poucos, baixou para 7, 6.

Com os anos passei a usar 4 gotas e recentemente diminuí para 3.

Hoje uso apenas duas gotas de adoçante por xícara de café.

Estou cada vez mais gostando dele mais amargo.

As xícaras de café se mantiveram estáveis na casa das 5 por dia, com variações para mais e para menos.

Os textos a serem lidos aumentaram em quantidade e complexidade, eu diria.

Talvez um dia eu venha a preferir café sem adoçante nenhum.

Talvez, eu o prefira amargo, do jeito que ele se apresenta a nós.

Torrado, escuro e amargo.

Cada vez mais amargo.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Tempo


É tempo de criar uma nova saúde.
Uma saúde forte, diria Friedrich.
Uma saúde que seja diferente do que aquilo que até agora se fomentou sobre o nome de saúde.

É tempo de criar um novo post.
Um post forte, eu diria, que seja diferente do que aquilo que até agora se fomentou sobre o nome de post.

Um post que fale sobre a necessidade de se criar, inventar, fingir, fantasiar uma nova saúde.

É tempo.

domingo, 14 de novembro de 2010

Bois e vacas


Acordei ouvindo Aretha Franklin, um ícone da música de homens que fazem sexo com homens (HSH).

Boa parte das ações de ONG´s no Centro de Vitória é direcionada a essa população, assim como as profissionais do sexo (desculpe o trocadilho) e também travestis.

O legal é que dispensaram os rótulos "gay", "bicha", viado, frutinha, emo, goiaba, baitola, virola, canapé, boiola e outros para ir ao cerne da questão, isto é, à redução de danos lá onde há o comportamento de risco.

Procuram respeitar o direito da pessoa escolher continuar usando droga ou vendendo o corpo, mas que os faça de modo a reduzir os potenciais agravos à seu corpo, à sua saúde.

Se quiserem injetando essa cocaína de baixíssima qualidade daqui de Vitória, que continuem, mas que o façam com seringas descartáveis, sem compartilhar com terceiros, com água potável, etc.

Se quiserem continuar a fuder com marinheiros nojentos daqui do porto de Vitória, que o façam, mas que utilizem o preservativo, etc.

Então comecei hoje o dia ouvindo essa música de bicha, mas que pode ser considerada uma boa música, e eu queria variar meu repertório.

Minha esposa me perguntou se eu estava de áurea boa.

Eu repondi que não tenho mais áurea, eu perdi ela enquanto era criança agarrada em um arame farpado.

Igual àqueles fiapos do pelo dos bois e vacas.

sábado, 6 de novembro de 2010

Saiba Mais Em


Uma daquelas tardes em que se dá um tiro no próprio pé;

onde não se pode dar um sorriso que não seja de deboche, ironia ou sarcasmo;

onde não se pode redimir nem ajudando um negrinho pobre cego no sinal comprando cinco paçocas;

onde não se pode escrever poesia;

onde não se pode rezar;
onde não se pode escrver gramaticalmente correto;

onde as criança passa fome e são abusada e molestada;

onde as criança roba;

hoje é um dia onde não se pode melhorar;

onde não se pode nada.

Apenas abraçar o dia,.

e cortar um pedaço da nossa inteligência.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Teto preto


Pratique exercícios físicos.

Faça pelo menos três a quatro caminhadas de quarenta minutos por semana.

Não fume.

Não fume em locais públicos.

O Ministério da Saúde adverte: o cigarro contém cerca de 3.754 substâncias cancerígenas.

Não coma alimentos com agrotóxicos.

Não beba e dirija.

Não fode.

É melhor copiar do que inventar.

É melhor o teto preto do que ficar de cara.

Eu prefiro morrer do que perder minha vida.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Sorrisos e espinhos


Sem perceber desenho gotas de sangue ruminantes que avermelham o papel reciclado que serve de suporte para o mouse do meu computador.

[um sorriso maldoso e sagaz
com dentes alargados]


gotas vermelhas quase cobrem metade do papel

[às vezes vejo espinhos
encravados em sorrisos alargados]

[ eu acho que vejo ]


existe uma tendência a ter sorrisos e espinhos.

domingo, 24 de outubro de 2010

Aventureiros de merda




Num desses filmes americanos bestas vejo um casal cujo carro quebrou durante a viagem. Ficaram no meio do nada com o carro quebrado, e encontraram uma daquelas oficinas mecânicas bem tradicionais em que o borracheiro se encontra todo sujo, sem um dos dentes e fumando aquele cigarrinho, o qual sequer o tira da boca.

Me lembrei que recentemente ficamos em situação semelhante quando estávamos a cerca de 1000 km de casa e o carro foi guinchado para um pátio do DER. Assim, o processo de retirada incluiu:

- aquisicionar o documento em Vitória/ES;

- enviar este mesmo para o pátio onde estava o carro, em Jacareí/SP, juntamente com uma procuração, visto que o carro está em nome do meu pai;
- apresentar a documentação no pátio;

- pegar os boletos bancários e ir até uma agência do Bradesco no centro para quitar os débitos; retornar ao pátio e enfim retirar o veículo.

Isso durou cerca de quatro dias.

Durante isso, hospedamo-nos em uma pousada (seria melhor dizer pensão - que também funciona como espaço para eventos) atrás de um posto de gasolina e também de uma espécie de oficinas e loja de peças para caminhões. Na beira da Via Dutra.

Isso me faz pensar que existem oportunidades de trabalho até sobre essas pessoas que encontram certo tipo de desavenças na estrada, como furar um pneu - sempre tem uma borracharia precária mas tem que cobrará três vezes mais mas que irá dar uma ajuda até o destino final.

Sempre tem um restaurante porco para te servir.

Sempre tem uma pousada suja ou com banheiro cheirando a bosta.

Assim como as moscas que sobrevoam sobre as fezes do cachorro, dando preferência àquelas com vermes mais frescos.

Para essas moscas, "o melhor" é uma bela merda fedorenta fresquinha e com vermes ainda cambaleantes.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Encontros...


... e momentos de angústia.

Dor de cabeça.

Bons encontros.

Má alimentação.

Cocô por cima de bosta.

Dinheiro para beber o quanto pudesse.

Foram momentos diversos, até que enfim fomos para casa, num não menos exaustivo regresso.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Loucura X doença mental


Cuidado não é tratamento.

Com essa fala inciei meu discurso para uma turma de 1º período de enfermagem.

Outra discussão recorrente é sobre a necessidade de problematizar nossa relação com a loucura, que por muito tempo foi objeto de encarceramento.

Em determinado momento a psiquiatria obteve o domínio sobre a verdade da loucura, e assim a transformou em uma doença.

Isolou os loucos em manicômios.

Observou-os confinados.

Classificou os sintomas observados nos loucos enclausurados.

Diagnosticaram, através da totalidade sintomática, os loucos reclusos em categorias diagnósticas.

Buscaram uma cura.

Hoje vemos que esse modo de assistência psiquiátrica apenas produziu adoecimento através de violência iatrogênica.



Mas loucura não é doença da mente nem de lugar nenhum.



Loucura não é doença mental, a qual necessite de tratamento visando uma cura.



O louco, principalmente o institucionalizado, precisa sim de cuidado, atenção e até certo ponto acompanhamento.


Mas não de um tratamento ou um cura.

Isso não existe.


Ficaríamos uma tarde inteira discutindo se loucura é ou não é uma doença mental, mas é com prudência que me limito a ressaltar que basta conhecer o contexto histórico em relação ao tema, e veremos que a loucura já foi compreedida sobre diversos vieses e de variadas formas.


A visão do saber psiquiátrico tradicional - que isolou os loucos de seu convívio social - é apenas mais uma, não-cidadã, hostil e desqualificadora.

Eu não trabalho com essa noção de doença mental.

domingo, 17 de outubro de 2010

NÁUFRAGO


Little sister can´t you find another way? No more living life behind a shadow?


Show do Queens Of The Stone Age no SWU 2010.

Sem palavras para descrever.

Qualquer artifício de linguagem,

principalmente a gramatical,

reduziria amplamente a complexidade e antagonismo de sentimentos e sentidos e afetos envolvidos e implicados naqueles momentos.

Foi "o" show, ao lado do pixies que, mesmo com um repertório que não era o meu favorito, pixies é pixies.

Porém, perdi minha máquina digital durante o show do QOTSA.

Pensei rapidamente em procurar a máquina, mas seria impossível, pois havia milhares de pessoas ali, e mal dava para se locomover; nesse momento começou a bater uma frustração e leve desespero, mas então pensei em simplesmente me virar para o palco e curtir o show, pois não era prudente que eu perdesse, além da máquina, também o show.

Mas eu repetiria tudo.

Mesmo com o carro guinchado a 1000 km de casa.

Mesmo com a dor de cabeça durante os dois shows.

Mesmo com o rosto tostado pelo sol.

Mesmo com os lábios tostados pelo frio.

Mas com dinheiro para beber o quanto pudesse.

E com dinheiro para ir embora de táxi quando quisesse.

Com saúde para poder me dar ao luxo de ir e voltar nessa bela e alegre frustração que é a vida de todo náufrago.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

SHOW DO PIXIES


Se eu morrer vão publicar lá na A TRIBUNA uma três por quatro minha com certeza num semblante feio quando não ridículo.

Por que será que toda três por quatro é considerada feia pelo dono, mas no entanto a gente nunca tenta até que saia uma foto que a gente considere boa.

Morte é um assunto banido das conversas em geral, no meio acadêmico, religioso ou familiar.

Não é um assunto explorado.

Eu mesmo escrevendo isso aqui já me dá um sentimento aversivo e penso em deletar tudo e escrever sobre outra coisa, ou senão parar de escrever.

Mas falar de morte não, é um assunto totalmente desagradável.

Definitivamente falar de morte não dá.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

EMBALAGEM


Um gole de café desce quente pelo meu esôfago, e já não o sinto no estômago.

É assim todas as manhãs.

É como escrever com estilo e negligenciar o conteúdo.

É como se eu perdesse meu estilo.

É como se eu perdesse meu teto.

Meu teto caiu.

Teto e chão estão no mesmo plano.

Aparentemente um caos, mas o que se observa não termina aí.

O caos vem abraçado a uma dose quente de estabilidade e ordem.

É como numa gangorra, os dois brincam feito duas meninas de trancinhas subindo e descendo com o movimento retilíneo do aparelho.

Na roda da existência.

É como se vida etrena fosse aqui na terra, de novo e de novo diferenciando-se no mesmo.

É como duas meninas de trancinhas que brincaqm de lepoteca, a baterem suas mãos em uma cronologia que segue o compasso de uma melodia cantada por elas.

O embate de suas palmas seguem a música de seus lábios.

Não há preocupação no que virá a acontecer depois da brincadeira, apenas o cuidado de acertar ou não a palma da outra colega.

sábado, 2 de outubro de 2010

Em meus dedos


Bebo uma xícara de café cheiona, sábado, de barriga vazia.

Não comi nada ainda não.

Acordei e fui logo catar o cocô da Amy.

O foda é que dei um mole lá e enconstei no cocô dela.

Ela está ainda em período de "quarentena", eliminando os vermes.

Que são muitos, aliás.

Fui logo lavando com sabão de côco.

Depois álcool líquido.

Depois álcool em gel.

Devo ter lavado de novo com sabão de côco.

Depois acho que passei álcool novamente.

Fui tomar banho.

Antes disso tudo tinha jogado umas partidas de playstation 2.

Depois disso tudo vim para o computador.

E me pus a pensar na aula de segunda.

Um texto sobre Nietzsche.

Ele pergunta:

Sob que condições o homem inventou para si os juízos de valor "bom" e "mau"? E que valor têm eles? Obstruíram ou promoveram até agora o crescimento do homem? São indício de miséria, empobrecimento, degeneração da vida? Ou, ao contrário, revela-se neles a plenitude, a força, a vontade da vida, sua coragem, sua certeza, seu futuro?

Uma outra chícara de café eu bebo.

domingo, 26 de setembro de 2010

L.iMi.(T)


Limite e deslimite.

O caos foi desconfigurado - isto é, supondo que o caos possa ser desconfigurado, ou se já não é em si uma auto-desconfiguração.

É como se o deserto pudesse secar.

Ou se a noite continuasse escura e escura.

Ou se a vida não morresse.

A falta causa a angústia.

O excesso traz angústia.

O meio termo, o equilíbrio, a harmonia dispendiosa de um instante - de um detalhe deste instante - talvez dois - é o que deve ser priorizado como norte.

Lá onde nasce a primeira estrela da noite.

Supondo que exista um estado de meio termo, de equilíbrio.

Talvez, no máximo, alguns instantes ferozes de harmonia.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Prato Feito


Hoje meu dia foi um prato cheio para quem gosta de ter argumentos em favor da depreciação das segundas-feiras.

Hoje foi um daqueles dias em que a gente quer ficar em casa sem ver ninguém, sem conversar com ninguém, sem fazer nada na rua que tenha que olhar ou conversar com alguém.

Uma segunda-feira chuvosa.

Em Guaçuí não tem disso. Quando eu vou prá lá, nem tenho que ir para a rua; até mesmo porque eles entregam lanche em casa.

Não é um lache digno de rangão, por exemplo, mas quebra um galho.

Acordei às sete, pela senhora que veio passar roupa.

Logo fui no veterinário à 300 metros de minha casa para levar e buscar a minha cachorra então verminosa.

Custou cento e vinte reais.

Na verdade custou cento e vinte reais e noventa centavos, que o proprietário da pet shop, que ficou lá demorando e eu acabei que chegeui atrasado na aula por causa disso, acabou fazendo esse desconto.

Um verme saiu de sua boca. Era branco meio rosa-alaranjado comprido e úmido e nojento. Um terço do peso dela deve ser essas paradas aí.

Fui dar aula.

O filme rodou meia hora, travou e não voltou mais a passar.

A turma -nós- foi -fomos- liberada com meia hora de aula, que na verdade era uma transmmissão de um filme. Esse que não rodou.

Retornei.

Às dezesseis e pouco quase muito estava eu de volta em casa.

A cachorra dormindo.

O tempo cinzento.

O cinzeiro ao lado.

Do meu lado direito, assim. Mais ou menos em frente às caixinhas de som aqui do meu computador.

E às cinco e vinte escrevo esse texto.

domingo, 19 de setembro de 2010

Uma Fila


Hoje fomos ao aniversário da minha prima fernanda, numa vista extraordinária do 19º andar de frente para o mar.

A gente sabe o que a gente quer quando a gente procura: "era isso que estava procurando!!"

Hoje apareceu uma cachorra aqui em casa.

Estava parada em frente e olhando para o nosso portão, quando minha esposa chegou da rua e em complacência adentramos com a bela filhote preta de fila brasileiro.

Nós a alimentamos e a aquecemos, estava (graças) um dia ligeiramente frio - agradável para mim.

Ela, por sua vez, preferiu, a tarde, dormir em cima do lixo no canto de nosso canteiro.

A tarde é um ótimo lugar prá gente preferir as coisas.


Ficamos um bom tempo escolhendo um nome, e nada de bom aparecia.

Foi quando por acaso
resolvi ouvir música
e subitamente me veio a cabeça
após olhar para os arquivos de pasta
de vários autores
e ver a pasta
da cantora
extravagante
amy
winehouse
e
Ficou esse o nome.

Back to black.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

mANICôMIO


Havia acabado de arrumar emprego em um manicômio. Não sabia bem o que fazer quando chegasse lá. Estava com medo. Não sabia o que esperar. Deveria ter atenção com aquele monte de doidos.

Cheguei lá e vi que não eram perigosos, mas ao contrário, eram pessoas muito sensíveis, serenas, tímidas (inversamente a alguns psiquiatras).

Alguns sim eram extrovertidos e não paravam de falar (a parecer meu primo Augusto).

Outros nos davam boa noite mesmo sendo 10:17 da manhã. Mas tanto faz.

Comecei a notar que não tinha noção nenhuma do que realmente deveria fazer ali.

Estava perdido.

Não tinha função, apesar de ter um cargo naquele lugar.

Aí resolvi buscar ajuda na teoria.

Na faculdade não vi nada que pudesse me auxiliar nesse momento, e fui atrás de alguns textos em bibliotecas.

Achei um trabalho sobre manicômios, que era de um psicólogo a favor da luta-antimanicomial.

Eu não poderia ser a favor disso, por que significaria meu desemprego.

Mas era um psicólogo de nome famoso, que eu acho que eu até já tinha ouvido falar. Nesse livro achei um texto legal que dizia:

dois ovos, meio quilo de farinha de trigo, bater bem e depois aquecer em fogo brando.

Não entendi muito bem, mas levei para o trabalho e lá foi um sucesso! Passamos boas horas fazendo um bolo, o que nos proporcionou agradáveis momentos naquele lugar.

Mas no dia seguinte estava tudo vazio - meu entusiasmo de ideias novas - de novo. O que eu queria mesmo era - não abandonar o emprego com aquelas pessoas - mas sair dali.

Mas e os loucos, iriam prá onde?

sábado, 11 de setembro de 2010

O medo


Coragem é enfrentar a situação, mesmo ciente das adversidades, riscos e consequências.

Implica em escolha, portanto.

Implica em responsabilidade.

Pode implicar em culpa.

Pode implicar em fortalecimento.

Medo...já medo não é algo com o qual devemos nos preocupar.

O medo não nos faz desistir da jornada, desistir de enfrentar, desistir de arriscar-se.

O medo não nos faz empacar como um burrito de carga que já enfastiado pelo trabalho decide não ir mais.

O medo não é motivo para fraqueza.

O que deve ser alvo de zelo é o acovardamento.

A própria fraqueza perante a possibilidade de força.

O medo é um instinto primordial para a espécie humana.

Sem ele poderíamos estar agora não existindo.

O medo é tão essencial quanto a coragem, e ambos não podem caminhar separados.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

EXISTÊNCIA existência




"...olha, prática clínica não, o que eu posso trazer é um pouco da minha experiência, né, que é em um outro contexto que não o da clínica..."


.
.
.
-.
.
-
. ... -




O conflito
parte
integrante
da existência

o conflito
existência
parte
integração

das partes

do conflito
gera
existência
intrigante.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Uma pesquisa em seis de setembro


INTRODUCTION:

Meu aniversário se comemora hoje. Mas isso é apenas uma hipótese.

OBJECTIVE:

Comemorar meu aniversário, com a inserção de um estimulante natural do sistema límbico, mais especificamente na área relacionada a sensação de prazer.

BIBLIOGRAPHY REVIEW:

A ocasião faz o ladrão (autoria desconhecida, data idem).

METODOLOGY:

Fritagem.

SUBJECTS:

Seis participantes:

Eu, meu filho, minha esposa e a prima dela.

Quero dizer, quatro.

INSTRUMENTS:

frigideira
óleo
batatas
sal

PROCEDURES:

Foi realizada uma fritada de batatas fritas com contra-filé no almoço.

A tarde, foi possibilitada a aquisição de um conjunto de quitutes pró-diabetes melittus e hipertensivos no comércio legal e especializado há vários anos da esquina.

RESULTS:

Observou-se um pouco de sono, mas logo voltou-se para o computador.

DISCUSSION:

Porra, eu não tinha te dito que queria ter chamado uns amigos para beber umas cervejas, não te falei, porra?

Em pleno aniversário ficar sem fazer merda nenhuma é foda!

CONCLUSION:

Ficou nessa mesmo.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O movimento contrário


O sol queima forte.

É por isso que as plantas agora fazem o inverso: em vez de ir em busca da luz solar, preferem fugir dela.

Fazem agora o oposto: tornar-se-ão plantas que não se expandirão, permanecerão pequenas e substratas, pois, numa floresta, por exemplo, a competição não será mais por espaço ao sol: mas sim por um lugar fora dele, a esconderem-se sob a sombra das outras.

Tudo isso por causa do forte impacto solar em suas folhas.

As raízes não, continuam a procurar por minerais no solo, invandindo cada vez mais as profundezes, e por isso cada vez mais fortes e robustas.

domingo, 15 de agosto de 2010

Eu a tenho


Hoje é domingo e são dezoito horas e catorze minutos, mas o tempo passa. Muita gente odeia domingos. Eu não. Mas o pior horário do dia pra mim sempre foi às seis da tarde. Ou 18:00 horas.

Seis da tarde sempre foi o pior horário do dia para mim.

Mas, tranquilo em casa no domingo às seis da tarde em um dia frio não é tão ruim.

Em sempre preferi o frio do que o calor.

O verão geralmente é a pior época do ano para mim.

A melhor é o inverno. Com frio e ventania, aquelas folhas voando e sujando toda a calçada.

O verão sempre foi a pior época do ano para mim.

Mas, no verão a gente sempre passa bons momentos com a nossa família, que há tempos não vemos.

Pelo menos com alguns desses.

No verão a gente passa bons momentos com alguns familiares que a gente não vê faz tempo.

Mas, alguns desses são um pé-no-saco.

Alguns desses a gente não fazia tanta questão de que estivessem lá, mas o que importa é que a gente tenha sabedoria e saiba tirar algo de bom mesmo dos parentes que são um pé-no-saco.

Eu a tenho.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

XSPB


Aqui no computador eu ouço volapuque, a música é "lodo".

Daqui do computador eu ouço a voz da xuxa que vem lá do quarto.

Aqui, a voz do sandro pede que venha sabor e sonho com vemência.

Lá do quarto, xuxa canta em sete volumes só para baixinhos.

Aqui, vejo que no myspace tem sete músicas do volapuque, e o incenso chega já na metade.

Daqui, o cheiro vai lá pro quarto onde toca xspb.

Daqui eu ouço choro.

Isso não está me cheirando bem.

Vou desligar o volapuque.
Vou desligar o myspace.
Vou desligar o computador.
Vou desligar o incenso.
Vou desligar a luz e fechar a porta, saindo do quarto.
Vou lá para o outro quarto, ouvir com meu filho xspb 1,2,3,4,5,6,7.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Alô


Alô, mãe, tem alguém lá fora. Tem alguém lá fora e eles estão querendo entrar. Eles estão querendo entrar para me pegar aqui. Não sei o que eu faço. Eles estão querendo entrar.

Calma, meu filho, o que está acontecendo, quem tá lá fora querendo entrar aí?

Eles tão lá fora, mãe.

Peraí.

Mãe, acho que não tem ninguém lá fora não. Não tem ninguém lá fora não, mãe. Tem ninguém lá fora não.

Mãe, depois eu te ligo.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Por módicos cem reais



Nem o besouro nem a árvore ficam presos em sua casca.

Aquela casca sai da árvore.

Mas a árvore fica presa no solo.

Aquela carcaça de besouro fica presa na casca da árvore.

Fiz engenharia florestal.

Havia uma disciplina, acho que o nome era etmologia, em que tínhamos que coletar 100 insetos, para então matá-los com álcool e fincá-los com alfinete em uma superfície de isopor.

No inverno muitos não saem da toca.

Veteranos vendem toda a coleção por cem reais.

A gente acaba que fica preso nisso.

Custa um pouqinho de dinheiro, mas a gente acaba que passa.

Ou então reprovando e desistindo voltando para casa para tentar outra coisa.

terça-feira, 20 de julho de 2010


Se a música fosse uma deusa, eu seria seu cego sacerdote. Se fosse uma rainha, seria o escravo. Se estivesse no twitter, seria seu seguidor.

Nesse dia do amigo, presto homenagem a ela que sempre esteve comigo, mesmo que fosse apenas em meus pensamentos. A música me conforta, nos bons e maus momentos. Nos melhores momentos, ela banha minha existência. E nos piores, lá está ela também.

A música não me abandona (por muito tempo).

Nada haveria de interessante nessa vida não fosse a música.

Então, publico o aforismo 250 do mais musical escritor que conheço, nietzsche, tirado de seu livro aurora.

A música e a noite - O ouvido, o órgão do medo, pôde desenvolver-se tanto como se desenvolveu apenas na noite e na penumbra de cavernas e bosques sombrios, consoante o modo de viver da época do medo, isto é, a mais longa época da humanidade: no claro, o ouvido não é tão necessário. Daí o caráter da música, uma arte da noite e da penumbra.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Ai mi beck.


Eu voltei


Voltei. Mas não sei se é para ficar. Se eu fosse o roberto carlos, era melhor que fosse para ir pro inferno queimar feito a gordura da picanha que me faz morrer feliz. Mas eu voltei e aqui estou. Muito pior.

Voltei mais criativo. Estou criando um transtorno mental. A cada dia sensivelmente embruteço. A cada dia felizmente me amargo. Jogaram uma xiboquinha na ferida aberta. Que seja. Não há escolhas.

Eu voltei como os bordões do galvão bueno. Prá cima deles brasil. Eu voltei igual a roxanne do sting, não tenho que vender meu corpo prá noite. Mas pagando bem, que mal tem.

Voltei muito pior. Desagradável e desagradando a mim e aos outros. Eu sou um desgraçado desagradante. Biodegradável.

Sem deus, sem fé, sem diabo e sem ateísmo. Não fode. Voltei sem nada. Eu não sou nada, mas antes preferiria ser vazio do que cheio de estrume ideológico que faz brotar frutas apodrecidas. Não fode. Por favor não precisa jogar agrotóxico em mim. Eu mesmo sei fazer isso.

Voltei como um vegetal, a chorar sem sentimentos, a rir sem realmente achar graça. Eu sou uma planta. Eu sou uma planta carnívora, a comer mosquinhas que distraidamente pousam de calcinha listrada na revista vip.

Eu voltei igual uma planta quer virar vegetariana. Fora do meu eixo, mas assim mesmo me encontro. Cortando raízes, arrancando as folhas, e plantando sementes. Semen

Eu voltei, mas já estou indo embora novamente. Ciao, ragazzo.

Caminho a floresta

 no caminho da liberdade parece que nada importa no caminho da liberdade parece que nada importa somente a floresta somente a floresta no ca...