quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Loucura X doença mental
Cuidado não é tratamento.
Com essa fala inciei meu discurso para uma turma de 1º período de enfermagem.
Outra discussão recorrente é sobre a necessidade de problematizar nossa relação com a loucura, que por muito tempo foi objeto de encarceramento.
Em determinado momento a psiquiatria obteve o domínio sobre a verdade da loucura, e assim a transformou em uma doença.
Isolou os loucos em manicômios.
Observou-os confinados.
Classificou os sintomas observados nos loucos enclausurados.
Diagnosticaram, através da totalidade sintomática, os loucos reclusos em categorias diagnósticas.
Buscaram uma cura.
Hoje vemos que esse modo de assistência psiquiátrica apenas produziu adoecimento através de violência iatrogênica.
Mas loucura não é doença da mente nem de lugar nenhum.
Loucura não é doença mental, a qual necessite de tratamento visando uma cura.
O louco, principalmente o institucionalizado, precisa sim de cuidado, atenção e até certo ponto acompanhamento.
Mas não de um tratamento ou um cura.
Isso não existe.
Ficaríamos uma tarde inteira discutindo se loucura é ou não é uma doença mental, mas é com prudência que me limito a ressaltar que basta conhecer o contexto histórico em relação ao tema, e veremos que a loucura já foi compreedida sobre diversos vieses e de variadas formas.
A visão do saber psiquiátrico tradicional - que isolou os loucos de seu convívio social - é apenas mais uma, não-cidadã, hostil e desqualificadora.
Eu não trabalho com essa noção de doença mental.
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