Esses dias estava indo para o trabalho passando pela rodovia
BR 101 em Carapina, Serra, Cariacica, região onde existem algumas empresas, e
percebi um homem jovem com uniforme como se fosse de construção civil ou algo
parecido atravessando a rodovia fumando um cigarrão que me pareceu ser de
maconha. Fiquei me perguntando se ele chegaria ao trabalho mais tranquilo para
aquelas oito horas diárias. Recentemente, e não foi a primeira vez, pedi um
lanche e o motoboy, aparentemente, havia usado maconha, pela sua postura
corporal, seu semblante, olhos vermelhos e pelo jeito de falar. Me tratou muito
bem e o lanche chegou direitinho, ligo direto para lá. Não vejo mal nenhum,
para mim, ele fumar maconha e dirigir moto. Todos sabemos de diversas pessoas “famosas”
e importantes” mundialmente falando que usam ou usaram maconha, e que maconha é
um arbusto, uma erva. Mas droga é um assunto complexo. Quando eu falo que droga
é um assunto complexo e que precisamos falar sobre as drogas, eu quero dizer
que o uso de drogas envolve muita coisa. Por exemplo, várias pessoas usam
drogas, de diversas profissões, ou seja, o cara da construção civil, o entregador
de pizza, o engenheiro da grande marca de computadores, o médico, o cabeleireiro,
o chef de cozinha, a repórter. A droga causa efeitos diferentes, variando da
qualidade da droga, do organismo e do contexto social em que se usa a droga –
uma mesma droga pode causar efeito diferente na mesma pessoa, dependendo do
lugar de uso, por exemplo – se ela usa em casa ou na rua, em um país em que o
porte da maconha é ilegal. Vale ressaltar que o artigo 28 da lei 11,343/2006
não proíbe o uso, mas: “Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar
ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes
penas: I - advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação de serviços
à comunidade; III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso
educativo”. Isto é, não se pode ter a droga para o uso, mas o uso em si, o
Estado não proíbe. Vale ressaltar que conhecidos que já passaram por essas
medidas me contaram que elas não funcionam na prática. Trata de uma política
que apenas joga dinheiro fora. Mudo de opinião ao final deste artigo: não
precisamos falar sobre drogas não, já que, primeiro, precisamos falar sobre
essa política proibicionista que criminaliza principalmente uma parte
vulnerável da população.
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