quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
Certa dose
Tem um peso, uma força ou uma tendência a me comprimir prá baixo.
Mas, assim como todo e qualquer organismo vivo, minha reação imediata é de resistência.
Só que, às vezes, esse movimento de resistir pode me matar. Às vezes é preferível, para a sobrevivência, a covardia. Quer dizer, o medo. Melhor dizendo, o que Nietzsche chamou de fatalismo russo. Aquilo de não desistir, mas também não avançar na batalha. Assim como um soldado russo, fatigado pelo cansaço da guerra e exaurido pela neve, não desiste nem prossegue, apenas se joga no gelo extenuado.
Às vezes sobrevive quem sai correndo.
Quem sabe não reagir de imediato ao estímulo.
Mas tem um peso em minhas costas. Não se trata de consciência pesada ou remorso. Não.
Mas pode ter aí uma boa dose de culpa.
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