sexta-feira, 4 de setembro de 2009
Dança do diabo
Muitas pessoas lêem algumas frases de algum livro e saem falando verdades abosultas e eternas sobre o que leram.
Em Nietzsche, isso é muito claro.
Por exemplo, a começar pela sua identificação: todos chamam ele de filósofo. Nietszche não era filósofo e nunca foi filósofo.
De formação, era filólogo, e chegou a dar aulas sobre isso. Que eu saiba, ele inclusive tentou a cátedra de filosofia, mas parece que não foi classificado para o posto, se não me engano numa universidade da Basiléia.
Também acho que ele não se arrependeu disso.
Ele foi muito mais do que filósofo.
A quem me entende, basta ler e compreender o que o próprio bigodudo entendia por filosofia - como mais uma forma de vontade de verdade, isto é, indo de encontro, portanto, à vontade de poder, de potência e superação, e nesse encalço, de vida.
Assim como a religião e a ciência são vontades de verdade.
Nietzsche também não matou deus.
Muitos o acusam de tal latrocínio, mas não - ele apenas constatou sua falência, ou seja, viu que deus tinha morrido (assim como tinha uma pedra no caminho) mas muitos ainda não se davam (dão - darão) conta; assim como tentou zaratustra, em vão, convencer a multidão.
Nietzsche tampouco era ateu. Nietszche revela em zaratustra uma passagem em que o anão vê uma santidade, e que zaratustra era mais crente do que imaginava.
"antes nenhum deus - antes ser seu próprio deus e dar cabo ao seu destino"
O ateísmo é apenas mais uma vontade de verdade, no caso, mais uma forma de decadência da espécie humana, uma espécie porém, refindada de religião.
Por isso a necessidade do além-do-homem. Alías, este é outro equívoco que se comete: não é "super-homem" de quê Nietzsche fala, pois assim seria o homem com suas idiossincracias potencializadas, isto é, o erro estaria aí sublimado.
O que ele propõe é a superação da humanidade, ou seja, o homem deve ser ultrapassado, e não tornado grande.
Além-do-homem ou sobre-o-homem, seriam a tradução mais exata de "übermensch", termo em alemão.
Por fim, a própria tradução de "der antichrist" pode siginificar "o anticristão", e não "o anticristo", como predomina nos livros da companhia das letras e outros.
Scarlet Marton tem uma frase que resume as certezas de verdade sobre Nietzsche:
"quem julgou compreendê-lo, equivocou-se a seu respeito; e quem não o compreendeu, julgou-o equivocado".
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